O fato de eu não estar usando nada por baixo o havia ajudado, perigosamente.
Por que você sempre será a luz que iluminará minha vida.
Por que é você quem traz a calmaria, como uma suave brisa.
É por você,
Somente por você, que meu coração voltaria a bater.
Manquei com muita dificuldade, segurando com força meu ombro recém-costurado, pelo corredor que se seguia a minha frente, sentindo os cortes que se estendiam da região do meu peito até a região do meu abdômen protestarem. Respirei fundo pela boca entreaberta, notando que essa era a minha segunda grande dificuldade no momento, por que parecia que o ar estava me rasgando de dentro para fora. As dores dos meus ferimentos me atingiram completamente, me fazendo perder as forças, parando de andar abruptamente, com os joelhos bambos. Tentei me concentrar em não me permitir cair, mas o que vinha sendo meu combustível contra a dor tinha acabado de se acabar. Quando se está com raiva, o cérebro comete o grave erro de esquecer grandes detalhes e, agora, eu estava sofrendo uma das dolorosas conseqüências disso. O meu combustível se acabou e no lugar que ele acabou de deixar vago, as dores começavam a tomar posse. Todas as dores que tinham me ameaçado, devido ao último acontecimento, ganhavam cada vez mais força. Eu me sentia cada vez mais atordoada e, gravemente, cada vez mais ameaçada.
Arfei, repetindo para mim mesma que aquilo logo acabaria, assim que o meu corpo começasse a trabalhar normalmente e meus ferimentos cicatrizassem. Algo dentro de mim se sentia estranhamente familiar, como se alguma coisa estivesse acontecendo no invisível, mas eu apenas fingi não perceber, esquecendo aquela estranha figura de minutos atrás, que fez meu estômago formigar. Continuei prosseguindo na caminhada, olhando atentamente por onde eu passava. Certamente, eu estava em uma casa modesta, que exalava o cheiro de álcool, tabaco e coisa velha. O corredor estreito se tornava cada vez mais escuro, no momento em que eu pude perceber que aquele era apenas a nascente de muitos outros corredores que se cruzavam. Aos poucos, o aspecto de casa modesta ia desaparecendo, se tornando apenas uma imagem no passado, enquanto eu continuava caminhando, afundando ainda mais na escuridão, tolamente muito curiosa para uma moribunda. Um cheiro muito forte invadiu o meu pulmão, em apenas um suspiro, me deixando abruptamente muito enjoada, como se estivesse presenciado a cena mais nojenta do mundo. Cambaleei um pouco, ficando completamente tonta, com a visão ficando sem foco por alguns instantes, logo tendo que me escorar nas paredes para não cair. Eu precisava urgentemente de ar, porém, por mais que eu tentasse respirar, mesmo que fosse apenas um segundo e pela boca, para que o cheiro não chegasse a ser tão enjoante, eu estava sufocando por falta de ar e com o vômito já preso em minha garganta. O gosto amargo lutou para sair, continuando a subir pela minha garganta e no segundo seguinte eu já havia começado a me desesperar, sem saber o que fazer. Com toda aquela anciã me matando e o desespero crescendo, eu não conseguia pensar em nada. Então, como uma criança desesperada, eu apenas me decidi que iria fugir dela, tomando muita coragem e praticamente me jogando para a direção contrária, quase voando pelo corredor, voltando para o lugar onde eu estava de início, o que antes me parecia ser apenas uma humilde casa. Logo, quando eu pude alcançar o cheiro de álcool e tabaco, pude respirar aliviada, como se eu acabasse de subir a uma superfície de água negra de lixo estranhamente doce, que era familiar e envenenante.
Um barulho estranho ecoou pelo corredor atrás de minhas costas, como se fosse um rugido de um animal feroz, me fazendo ficar com os sentidos em alerta, olhando fixamente para a escuridão. Senti olhos fixos em minhas costas, mas eu não me atrevi a olhar para trás, pois eu já sabia que aquela coisa não era humana. O cheiro ameaçou a voltar e eu apenas consegui prender minha respiração, tentando não fazer qualquer barulho, mesmo já sabendo que estava sendo minimamente observada. A coisa, ou qualquer coisa que seja aquilo, deu um passo em minha direção, enquanto fazia um estalo estranho com os dentes. Não voltei a me mover, apenas esperando sua aproximação, ficando ao máximo preparada para o que viesse.
– O que você faz aqui? – uma voz estranha, meio humana e meio demoníaca, ecoou atrás de mim; enquanto a coisa continuou se aproximando. Tentei escutar o seu coração, mas no segundo seguinte notei que não havia um coração vivo para bater. Respirei novamente, tentando reconhecer o cheiro. Era parecido com o cheiro de vampiro que eu já estava acostumada, porém era mais doce e tinha uma assombrosa quantidade de morte. Meu estômago protestou, mas eu continuei analisando o cheiro. Era como alguma coisa podre e muito, muito doce. Não um doce agradável, como o cheiro de Edward. Este novo cheiro era tão doce, que só apenas de pensar me dava enjoou e repulsa. – Você não respondeu minha pergunta... – alertou a voz, mostrando estar perdendo a paciência com o meu silêncio.
– Eu estou com o Dean. – foi à primeira coisa que venho em minha cabeça, e tinha sido puro extinto. Pelo que eu poderia entender, era que eu tinha acabado de invadir a privacidade de um vampiro. Pior, estava em sua casa sem, nem ao menos, ser convidada. Eu era uma lobisomem e estava na casa de um vampiro fedido, não teria nada mais agradável. Aquele vampiro não era nada bonzinho, os meus pressentimentos me alertaram, mas eu apenas tentei me manter calma. O cheiro dele era insuportável. – Sinto muito, eu não sabia que estava invadindo sua privacidade. Eu nem ao menos sabia que esta era a sua casa. Me desculpa, quando eu vim pra cá, estava desacordada. Sinceramente, não quis invadir sua casa, ainda mais a gente sendo de espécies bem diferentes. – falei tranquilamente, como se eu o conhecesse há anos, não querendo tocar no assunto que nossas espécies eram inimigas. Tudo o que eu queria era sair dali o mais rápido possível. Me virei em sua direção, lentamente, tentando não parecer rude, porém não conseguindo avistar sua presença. Ele parecia ser pura escuridão. – Eu vou procurar o Dean e prometo que vou embora.
– Não precisa. – ele logo respondeu, com a voz um pouco mais humana do que antes. – Se você está com o Dean, então você é bem vinda aqui. – houve um breve silêncio e eu tive um vislumbre de alguma coisa dentro da escuridão. Quando sua voz voltou a se fazer presente, já era completamente humana e eu quase fui capaz de esquecer o cheiro. – Sinta-se em casa, Senhorita. Diga ao Dean, quando você o ver, que o Bobby precisa falar com ele. Ele sabe onde me encontrar, afinal conhece esta casa como a palma de sua mão. – eu pude sentir um sorriso em sua voz, o que despertou minha curiosidade. Eu estava confusa por estar diante de um ser estranho daqueles, mas uma pequena parte de mim estava muito curiosa. – Foi um prazer conhecer uma jovem tão bela quanto você... – dizendo isso sua presença foi dissipando de minha frente. O cheiro foi se afastando, me deixando apenas um suave rastro.
Fiquei olhando por alguns segundos a escuridão, tentando entender o que tinha acabado de acontecer, tentando encontrar respostas para as muitas perguntas que estavam sendo formadas em minha mente. E antes que eu pudesse perceber, murmurei:
– Credo, parece que estive frente a frente com o Conde Drácula.
Sorri, me sentindo um pouco mais calma, porém a minha calmaria não demorou a acabar, no exato segundo em que eu me lembrei de um fato muito importante sobre mim. Eu estava completamente nua. Sim, completamente nua. E pior, uma coisa, sei lá o quê, tinha me visto daquele jeito. Era ridículo me imaginar daquele jeito, mas era a pura verdade. Desta vez, eu tinha me superado. Não bastava Sam e Dean terem me visto assim, agora uma besta demoníaca, muito estranha por sinal, também entrou na lista. Resolvi procurar alguma coisa para colocar, antes que a lista continuasse a crescer. Sabe-se lá quem mais eu poderia encontrar pelo caminho. Eu preferiria colocar alguma coisa antes de encontrar alguma coisa que estava fora do meu entendimento.
Voltei a andar pelo corredor, voltando em direção a casa, tomando muito cuidado para não ser vista por mais ninguém. Agucei meus sentidos, tentando sentir a presença de alguém por perto e por sorte não havia ninguém, nem mesmo uma mosca. Outra vez, tentei encontrar o cheiro de qualquer tecido e logo consegui encontrar alguma coisa, seguindo e cheiro de mofo e água sanitária. Logo, eu encontrei uma porta luxuosa, banhada a madeira escura. Entrei sem protestar, já sabendo o que eu encontraria.
Era um quarto estranhamente familiar. Eu tinha a impressão de já ter estado ali, mas pelo menos não nesta vida. Imagens estranhas apareceram em minha mente e eu me peguei lembrando de Edward. Por algum motivo estranho, aquele lugar me fazia lembrar muito dele. Eu sentia que já tinha estado naquele quarto com ele.
– Será que você já esteve aqui comigo, Edward? – perguntei, como se ele também estivesse ali, enquanto eu analisava o cômodo.
Era incrivelmente enorme, com grandes paredes verde-musgo e tons de azul celeste. Os moveis eram de madeira branca, decorada mente com detalhes azuis. Fechei a porta atrás de mim, respirando o familiar cheiro de flores. Havia uma cama muito bem arrumada no centro do quarto, com lençóis azuis e brancos, com algumas rosas vermelhas no pé da cama, como se tivesse sido colocado uma a uma, alinhadamente. Caminhei para mais perto, sentindo um sentimento estranho dentro de mim. No fundo, eu sabia que já havia estado ali, em um tempo muito distânte. Toquei os lençóis com as pontas dos dedos, sentindo a textura macia. Fechei os olhos e respirei fundo, a saudade ficou grande em meu peito. Mas algo logo me tranqüilizou, me fazendo voltar à realidade, como se eu fosse mais forte agora para encarar as coisas. Por alguma razão, eu me sentia muito bem, como eu não me sentia há muito tempo. Abri meus olhos e voltei a olhar o agradável quarto, sem perceber que um sorriso nascera em meus lábios. Alguma coisa estava diferente em mim e eu pude perceber que eu já não era a mesma de antes. Agora, estranhamente, eu me sentia mais forte para voltar a lutar. O que havia acontecido comigo, enquanto eu estive desacordada? O que estava acontecendo agora comigo? Definitivamente eu não sabia, conclui balançando a cabeça em negação.
Ao lado direito da cama, uma penteadeira me chamou atenção. Ela era pequena e com um espelho no centro com moldura prata. Caminhei até ela, quase sem perceber, com a curiosidade crescendo. Como se tivesse sido esquecido de propósito, uma caixinha de música tinha sido colocada na ponta e ameaçava a cair. Apeguei, por um impulso, sem perceber meus movimentos. Abri a pequena tampa, trazendo o suave som das cordas no ambiente, em uma melodia doce.
Dentro de uma pequena repartição tinha um cordão com um coração, suavemente com um toque de transparente, com o tom de azul, como o tom da aurora boreal, com alguma coisa dentro do seu interior. Peguei para ver de mais perto, olhando fixamente para dentro do coração. Logo a imagem de duas pessoas ficou nítida para mim e quando eu reconheci os dois rostos no interior do coração, eu tive certeza de que já havia estado ali. Heath não era exatamente como ao Edward de hoje, mas o rosto angelical e os olhos doces ainda eram os mesmos. Eu me parecia muito pouco com Yonah, pelo menos eu pensava. Meu rosto na foto era mais adulto e com a expressão mais seria, porém meus olhos ainda brilhavam pelo amor que transbordava em meu coração por Heath. Certamente, eu não era a mesma pessoa, mas a essência continuava a mesma. Sendo Heath ou Edward, eu sempre o amaria. Isso era a única certeza que eu sempre teria. Alguma coisa brilhou dentro do coração e foi só então que eu percebi a frase quase disfarçada pela foto. Meu coração voltaria a bater por você...
Aquilo era a única certeza que eu poderia ter em minha existência. Não importava a distancia, ou se Edward me amava ou não, meu coração sempre bateria por ele. Mesmo que fosse muito difícil não ter o seu amor, eu sempre o amaria, mesmo que jamais fosse o ver novamente. Mesmo se outra estivesse em seus braços neste exato momento, eu sempre esperaria por ele. Por que no fundo, uma parte de mim, dentro do meu coração, eu também sabia que ele me amava. As vidas atrás poderiam não fazer sentido agora, mas eu sabia que Heath verdadeiramente havia me amada. E Heath, em algum lugar, estava vivo dentro de Edward, e este simples fato já me deixava feliz. Coloquei o cordão em meu pescoço, sem intenção nenhuma de devolver, por que no fundo eu sabia que comigo era onde ele deveria estar. Era errado pegar qualquer coisa na casa dos outros, mas eu não me importava realmente se aquilo estava sendo errado. Tudo o que eu sabia era que aquele cordão deveria ser meu. Eu não estava roubando, apenas estava pegando uma coisa perdida de volta.
Resolvi procurar algo que eu pudesse colocar, para cobrir minha nudez. Aquela situação toda tinha sido muito constrangedora. Me aproximei dos luxuosos armários de parede, com a intenção de procurar alguma roupa, mas logo percebi, ao tentar abri a primeira porta, que estava trancada. Tentei com a próxima, e a mesma também havia sido trancada. Tentei novamente com a terceira, entretanto esta também não mudou de situação. Continuei procurando pelo quarto, algo que pudesse me servi, mas nada encontrei, além de apenas lençóis e edredons. Procurei até mesmo embaixo da cama, mas tudo o que eu encontrei foi poeira e cheiro de mofo. Então, já sem esperanças, resolvi procurar no que me parecia ser um banheiro, do outro lado do luxuoso quarto.
Versão Terceira Pessoa:
– Você sabe que ela não deveria estar aqui. – Bobby murmurou zangado, com a voz um pouco mais demoníaca do que de costume, principalmente quando se dirigia a Dean, seu humano preferido.
Dean fez uma suave carreta, não descordando de Bobby. Ele sabia que era muito perigoso trazer Andie para um lugar em que ela já esteve como Yonah. Principalmente, quando este lugar estava cheio de vampiros originais sedentos por vingança. Não era uma coisa diretamente contra Andie, até por que ela não era uma filha da lua original. Sua metamorfose não era tão descontrolada como aos seus ancestrais. Andie era apenas uma loba, com a razão de uma humana. Com o coração bondoso. Ela não se parecia em nada com aquelas criaturas das trevas, sem nenhum pingo de humanidade, que nunca saiam da forma bestil. Andie pensava, não era como aquelas criaturas. Por pouco, muito pouco, Bobby não havia errado em sua conclusão. O cheiro de Andie era de um lobisomem, e a sutil diferença que a afastava dos monstros era mínima.
– Sei disso Bobby. – Dean respondeu com a voz rouca, sentindo os músculos de suas costas protestarem. Havia passado por muita coisa nos últimos dias. Principalmente, depois de ter quase perdido o motivo de sua existência. Ele não queria mostrar para o vampiro que por dentro ele estava exausto, mas era a coisa mais difícil do mundo esconder qualquer coisa do seu pai adotivo. – Mas não iremos ficar por muito tempo. Vamos dormir aqui e amanhã iremos embora. – prometeu, passando a mão pelo cabelo claro, desgrenhado. Suspirou impaciente e sorriu, só que um sorriso que não alcançou seus olhos verdes. – Estou muito feliz por te ver novamente.
Bobby sorriu, o que era uma coisa muito rara de se ver, principalmente depois que havia morrido. Sua humanidade era apenas um fio, e por vezes era muito difícil manter o controle. Seu amor por aqueles meninos o ajudava muito a poder recuperar sua antiga vida de volta. Ele havia criado bem aqueles pestinhas, agora eles eram homem de bem, como um dia ele havia sonhado. Teve vontade de abraçar seu filho, mas se manteve no controle para assegurar uma boa distancia segura. Seus extintos de besta era tudo o que ele tinha naquele momento, ficar longe era sempre a melhor opção. E por sorte, Dean, mesmo sem palavras, parecia entender isso. Dean sempre respeitava os limites.
– Eu também, meu filho. – respondeu, se esforçando para não deixar a bestilidade aparecer novamente em sua voz rouca.
– Como andam a situação por aqui? – Dean indagou, se sentando na poltrona do velho cômodo, procurando com os olhos alguma garrafa de uísque.
– Pior impossível. – Bobby sussurrou, indo até um canto qualquer e pegando uma garrafa verde, logo jogando na direção do companheiro. Dean sorriu, enquanto pegava a garrafa ainda no ar. Bobby então se concentrou na conversa, sentando-se na frente de Dean, em uma cadeira mais desconfortável. A situação estava piorando. – Arolin andou transformando algumas pessoas pelo caminho, enquanto ele ia para Forks.
– Isso nós já imaginávamos, não? – Dean tentava entender o motivo da preocupação.
– Sim, isso a gente previu. – respondeu, pedindo com um dedo a garrafa de volta, apontando suavemente. – Só que o problema não está aqui. Vampiros são vampiros. Não importa muito o que eles vão fazer. Afinal, não são da espécie de vampiros que mais nos preocupa. – declarou. Dean suspirou no meio de sua pausa, abrindo a garrafa e dando uma golada no liquido quente. – O grande problema é que Arolin anda trazendo alguns da sepultura.
Dean deu um suave pulo, não esperando aquele tipo de palavras. O liquido em sua garganta ameaçou voltar, mas ele tentou engolir a cedo tudo aquilo. Arolin estava montando um exercito, mas aquilo não era importante. Vampiros novos não importavam. Entretanto, Arolin havia feito uma coisa muito perigosa. Trazer vampiros originais da sepultura exigia sacrifícios e muito poder. Arolin tinha este poder? Como se ele não era verdadeiramente um vampiro? Arolin era um imortal, um caído, por mais que tivesse poder, nunca chegaria a este ponto. Para ele fazer qualquer coisa do tipo, ele precisaria de alguém muito poderoso ao seu lado.
– Quem? – Dean pensou entre pensamentos preocupados, pensando em milhares de possibilidades, imaginando quem Arolin desejaria trazer das cinzas.
Bobby suspirou, cruzando as pernas, olhando fixamente em silêncio para o jovem em sua frente. Para ele era absurdo pensar que Dean era apenas um menino e já estava entrando em uma guerra daquelas. Arolin não estava brincando, havia esperado séculos para recuperar Andie. Agora, ele não pouparia meios de trazer a sua rainha de volta. Pensar nisso, lhe dava calafrios. Ele estava presente quando o mundo esteve perto de acabar e não queria voltar a ver isso. Ele nunca havia sido muito próximo dos anjos, mas conhecer Miguel fez a diferença. Dean sempre fazia a diferença. Foi exatamente por este motivo, ao ver o Arcanjo tão motivado, que ele abraçou aquela missão.
– Katherine foi à primeira. – respondeu, logo percebendo os olhos de Dean se arregalarem suavemente. – Claro, ela eu já havia imaginado. Não tem ninguém que odeie Yonah mais do que ela. Afinal, perder o trono nunca é fácil. Ainda mais quando esta é a única coisa que se tem.
– Arolin não quer ver Andie morta, então porque trazer Katherine? O que ele estava pretendendo com isso? – Dean rebateu.
– Tenho péssimas noticias garoto. – Bobby, se levantou, querendo mudar de assunto, para esquecer a antiga companheira. Era sempre difícil relembrar dos séculos que havia sido verdadeiramente feliz, com Katherine, ainda humana, em seus braços. Sempre soube que seria errado transformá-la, mas nunca imaginou que chegaria a tanto. Katherine ficou obcecada pelo poder, deixando de ser aquela jovem meiga, que ele sempre pensou que ela verdadeiramente fosse. Mas, em todo aquele tempo, ele estava sendo enganado. Katherine queria a imortalidade, havia apenas o usado para conseguir isso. Ele não havia significado nada para ela, porém, por todos esses séculos, aquilo ainda o fazia sobre. Aquela dor era a única coisa que o havia lembrar que já havia tido um coração. Começando a andar pelos cantos do cômodo, inquieto, ele continuou, mudando o assunto para outro tópico que o machucasse menos. Ele sabia que em breve acabaria a vendo novamente e teria que estar preparado. – Edward perdeu sua humanidade, acabou não resistindo ao sangue humano, após as torturas de Arolin. Ele é um original agora, completamente das trevas. Agora tudo o que ele tem é desejo por morte e sangue e destruir seus próprios vestígios de humanidade.
– Andie... – Dean respondeu logo, encontrando a chave de todas as perguntas. A preocupação, por mais que tentasse esconder, ficou óbvia em seu olhar. Agora ele sabia o que Arolin estava planejando. Ele queria que Edward e Andie se destruíssem, para que assim nascesse um ódio maior do que o amor de vidas atrás. Arolin era esperto, muito original, mas aquela idéia seria no mínimo destrutiva para todos. Andie e Edward poderiam chegar a se destruir, mas antes muitas vidas seriam arrastadas com eles. Arolin não estava poupando meios para acabar com a humanidade de Andie, e não havia um meio melhor do que esse do que usar Edward como arma. Edward era a ligação de Andie com sua própria humanidade, se ela chegasse a odiá-lo de todo o coração, acabaria renunciando sua própria humanidade. Mas, Dean estaria ao lado dela para impedir isso. Ele não iria deixar que ela se perdesse novamente. Porém, antes ele tinha Edward para lhe ajudar. Mesmo não querendo admitir, ele sabia que Edward era capaz de mais do que ele. Agora, Edward seria seu inimigo. – Edward vai querer destruí-la. – por fim declarou, concluindo seus pensamentos, se levantando, com impaciência. Ele queria fugir, levar Andie para muito longe agora mesmo.
– Exatamente. – concordou o vampiro, concluindo a mesma coisa que o caçador, só que menos impaciente. Ele nunca havia se importando muito com a imortal, pois acreditava que ela era o mal que existia na vida de seu filho. Só que involuntariamente, por Dean, ele sempre a ajudaria a escapar da sua própria escuridão. Mas, em algum lugar dentro do seu coração, ele sabia que não era por Dean que ele sentia uma antipatia por Andie. No fundo, ele sabia que ainda não a havia perdoado por ele ter matado Katherine, mesmo sabendo que a imortal estava certo e não a sua vampira. Katherine era um monstro, sem desculpas como Andie, que sempre lutava pela sua própria humanidade. Katherine não queria ser boa, essa era a diferença entre as duas. Mas, por mais que sua razão o declarasse isso, ele não podia esquecer que Andie havia feito mal para Katherine. Ele simplesmente não sabia como fazer para esquecer. – Edward sempre teve o péssimo problema de querer apagar seu passado.
– Andie tem que se afastar ao máximo dele agora. Ele não pode nem pensar em chegar perto dela. Ela não perceberia a diferença nele, acabaria confiando e dando sua vida facilmente a ele. – a voz do caçador saiu urgente e ele pensou estar enfartando.
– Mas ela notou a diferença em mim, garoto. Ela percebeu que eu não era exatamente um vampiro normal. Não sei, mas alguma coisa está diferente agora. Foi simples para ela notar que eu era um vampiro, mas não como os outros. É como se alguma coisa a alertasse que há perigo. Espero que assim que ela estiver de frente com Edward, ela também note isso, como fez a pouco comigo. Ele vai fazer o possível para conquistá-la, manipulá-la e destruí-la.
– Só que eu não vou permitir isso. Nem que eu tenha que fugir com ela para sempre, ela não vai se aproximar do Edward. Ele não vai destruí-la. – Dean quase saiu do controle de si mesmo, já sentindo a ira crescer dentro do peito. – Nem que para isso eu mesmo tenha que destruí-lo primeiro.
–Você seria capaz de quebrar seu pacto e destruí-lo? – Bobby perguntou, almejando muito a resposta, franzindo o a testa incrivelmente pálida, com os olhos vermelhos ficando cada vez mais sérios. Era impossível não impressionar com o amor que Dean sentia pela imortal. Era impossível não se comover pela boa vontade do garoto.
Dean virou seus olhos, para um canto qualquer do cômodo, impedindo que Bobby visse o lampejo de dor em seus olhos. Ele sofreria por acabar com Edward, mas assim como prometeu sempre lutar ao lado de Edward, agora ele também estava prometendo que, para manter Andie a salvo, seria capaz de quebrar seu pacto e sua amizade. Edward, o verdadeiro, não aquele que existia agora, entenderia, onde ele estivesse. Dean compartilhava o mesmo sentimento de proteção com Edward e sabia que se Edward estivesse na mesma situação, não hesitaria em matá-lo também. Eles, estranhamente, se entendiam. Dean, por mais que amasse Andie e soubesse que o coração dela sempre seria de Edward, por mais que ele fizesse qualquer coisa, ainda sentia uma amizade muito grande por Edward. Ele o admirava, mas não pouparia forças para matá-lo. E ele sabia que, se Edward morresse sem sua alma, ele jamais voltaria. Ele verdadeiramente morreria desta vez. Sua alma se perderia para sempre.
Andie o odiaria para sempre e ele sabia sem Edward seria quase impossível para ela continuar. Ele teria que usar o impossível para fazer com que ela continuasse inteira, com a humanidade intacta. Mas, seria difícil demais. Impossível sem Edward. Então, a única saída seria levá-la de volta para o céu. Ela voltaria a ser Uriel, a Arcanjo sem sentimentos e jamais sentiria qualquer sentimento em relação a ele. Ele sabia que aquilo era tudo que Uriel jamais queria, mas para salvá-la, para que ela não se perdesse de vez, ele seria obrigado a fazer isso. Esta era a única chance que existia de colocá-la em segurança novamente. Em sua mente, ele planejou o que faria após matar o corpo cheio de trevas de Edward, mas sabia que ganharia o eterno ódio de Andie, enquanto ela ainda tinha sentimentos. Com isso, ele mesmo acabaria com todas as chances de conquistá-la, mas aquela era a única saída.
Agora ele já sabia o que iria fazer. Saiu do cômodo sem falar nada, pois sabia que com Bobby ele não precisava dar explicações, até por que sabia que Bobby já havia sentido seus pensamentos, como geralmente fazia com as pessoas. Ou, pela melhor das hipóteses, Bobby apenas o entenderia, sem usar seus poderes, por que sabia que com Bobby encontrava cumplicidade, mais do que encontrava com seu verdadeiro Seu pai, John Winchester. Era estranho concluir isso, por que Bobby era um vampiro original, o da pior espécie que poderia existir, mas aquela era a verdade. Seu pai, por mais que fosse humano, nunca o fez se sentir como Bobby. Muitas felizes, o monstro parecia ser seu pai. Bobby não o abandonaria, como seu pai estava fazendo neste momento.
Dean só esperava que seu pai não resolvesse entrar naquela guerra, como ele mesmo havia dito no telefone que não entraria, por que ele sabia que seu pai nunca entraria ao lado dele. Seu pai acabaria ajudando Arolin a vencer, então seria melhor que ele não entrasse, por que Dean não se sentiria fraco o bastante para não lutar contra seu pai. E Sam? – Dean se perguntou, enquanto começava a entrar em um dos milhares de corredores que existiam naquele esconderijo subterrâneo. Ele apenas esperava que seu irmão ficasse ao seu lado, mas se aquilo não acontecesse, ele apenas lamentaria muito, concluiu, respondendo para si mesmo. Ele não sairia ao lado de Andie naquela guerra. Nem mesmo por sua família. Ele não hesitaria ao escolher, mesmo que aquela escolha destruísse seu coração. Ele tinha sido designado a uma missão, antes mesmo de pensar em ter uma família humana, então não poderia escolher contra coisa. Andie sempre vinha antes de qualquer outra coisa. Ele tinha vindo neste mundo para protegê-la e era isso que ele iria fazer.
Versão Andie:
O banheiro, assim como o quarto, era estranhamente familiar, mas agora aquilo não me surpreendia. Ele era bem iluminado, assim como o quarto, com abajures antigos, com uma vela no centro, em cada canto do cômodo. Não havia nenhuma janela, foi então que percebi que não havia nem mesmo no quarto, ou nos corredores. Me lembrei do quarto onde eu havia despertado, e notei também que nem mesmo lá existia janelas, apesar de eu pensar ter sentido uma brisa suave em torno de mim. Lembrei de como aquela sensação havia sido estranha, mas achei melhor esquecer. Eu havia passado por muita coisa nos últimos tempos, era normal ter surtos de loucura às vezes. Talvez não fosse, admiti no segundo seguinte, mas para não deixar as coisas mais pesadas, eu preferi não pensar mais sobre aquilo e voltar a analisar o banheiro.
Como o quarto, o banheiro era extraordinariamente muito grande para ser um banheiro. O piso era de madeira e os azulejos eram verde-musgo, com desenhos, como linhas traçadas em azul. Uma parede inteira era de espelho, o que logo me deu uma visão muito ampla do meu corpo. Por uma fração de segundos, eu deixei de prestar atenção na decoração do banheiro para prestar um pouco de atenção no meu estado físico. Por incrível que pareça, agora eu não parecia estar tão mal. Se não fosse pela minha pele, incrivelmente mais pálida do que o normal e os ferimentos que se estendiam do meu ombro até o final do meu tronco, eu poderia até dizer que eu estava muito bem. Quero dizer, melhor do que eu andava estando nos últimos meses. Um brilho vermelho estranho estava em meus olhos, mas logo desapareceu, me fazendo acreditar que havia sido coisa da minha cabeça ou coisa provocada pela luz. Me aproximei mais do espelho, para ter uma visão mais próxima do meu rosto, para poder analisar melhor minha aparência. Meu rosto estava com algumas marcas roxas, mas logo percebi que aos poucos elas iam desaparecendo, enquanto o meu corpo cuidava para que a cicatrização acontecesse. Olhei novamente para meus olhos, procurando aquele brilho vermelho, mas já não havia mais nada ali. Meus olhos continuavam sendo os mesmo de antes, um pouco mais escuros do que o normal, mas eu sabia que aquilo era apenas por que minha pele ainda estava muito pálida.
Passei a mão pelo meu cabelo, notando que ele estava um pouco mais grosso do que de costume, logo percebendo que havia traços de sangue em todo seu comprimento. Imagens do que havia acontecido comigo se passaram em minha mente, mas eu não deixei a fúria se estender pelo meu corpo. Agora eu lidaria com as coisas mais friamente, até por que eu já não me sentia como antes. Eu me sentia muito furiosa por dentro, pela maneira como eu havia sido atacada, mas agora eu tomaria muito cuidado para não ter mais uma explosão de raiva, como havia tido. Já seria muito difícil Sam explicar como ganhou um nariz quebrado.
Sorri um pouco friamente para mim mesma, por dentro orgulhosa de ter tomado alguma atitude desta vez. Mas, por algum motivo, estar orgulhosa me deixou um pouco preocupada. Eu estava preocupada por que um lado meu estava desejando mais de vingança. Eu, obviamente, não reconhecia este lado meu. Entretanto, ele ganhou dimensões tão rapidamente, como se sempre houvesse estado ali. Pensando comigo mesma, eu tive outro lampejo de olhos vermelhos no espelho e eu notei que foi no exato momento em que eu desejei por mais vingança. Os olhos continuaram vermelhos e eu me foquei neles. Olhando fixamente, eu me perguntei mentalmente o que eles queriam de verdade. Encarando os olhos no espelho, eu encontrei coisas que não me agradaram muito, enquanto minha expressão no espelho se tornava cada vez mais fria, incrivelmente mais sombria, a ponto de eu não me reconhecer.
Como se eu tivesse levado um choque, como se fosse para me irar do transe, da atenção na minha própria imagem no espelho, uma outra imagem apareceu do lado da minha, o que me fez automaticamente pular de susto. Uma imagem, um rosto que eu não consegui reconhecer no primeiro segundo, apareceu do lado do meu rosto. Os olhos verdes me fitaram com tristeza, e eu pude perceber que eles queriam me dizer alguma coisa, mas aquilo foi breve. Seus lábios se abriram, e eles pareceram sussurrar alguma coisa, porém não houve o som de sua voz. Olhei assustada para trás, para encontrar quem estava atrás de mim, entretanto não havia mais ninguém no banheiro, além de mim. Voltei meus olhos assustada para o espelho, entretanto também não havia mais ninguém além de mim ali. Olhei novamente para trás, realmente achando que ira encontrar uma pessoa parada ali, porém o resultado voltou a ser o mesmo. Eu estava sozinha no banheiro.
– O que foi isso? – eu murmurei assustada, olhando para um lado e para o outro, ainda tentando entender o que tinha acabado de acontecer. Porém eu tinha uma certeza: eu não estava ficando louca, por um segundo, só por um segundo, eu vi uma pessoa ao meu lado no espelho. Aquilo não havia sido fruto da minha imaginação.
Balancei a cabeça, encabulada demais para voltar a dizer qualquer coisa. Em minha tentava, sem sucesso, achar uma resposta para tudo aqui. Então, eu conclui que havia acontecido muitas coisas estranhas naquela casa.
– Andie? – uma vez atrás de mim ecoou no banheiro, me fazendo pular de susto, novamente. Dean me olhava curioso e normalmente muito preocupado. Ele estava parado atrás de mim, segurando algumas peças de roupa em minha das mãos. – Nossa você até parece que viu um fantasma. – ele me disse, se aproximando mais de mim, colocando uma mão em meu antebraço, suavemente apertando, como se para se certificar de que eu estava bem. Com ambos olhando para nossos reflexos no espelho, ele continuou dizendo, olhando diretamente para meu rosto. – Seu rosto está tão branco que você até poderia se passar por vampira. Você está bem? Parece que a qualquer momento você vai cair dura no chão.
– Eu... – tentei dizer alguma coisa, mas um bolo de confusão na minha cabeça me impedia de pensar. Eu ainda estava tentando entender o que tinha acabado de acontecer.
Olhei novamente para trás, suavemente, não tão abruptamente ao ponto de parecer louca, ou de estar assustada. Voltei meus olhos para o espelho, fitando o rosto preocupado de Dean. Ele ainda continuava me analisando, com uma das sobrancelhas erguidas, fazendo uma pergunta silenciosa com os olhos verdes. Verdes... Verdes eram os olhos que eu tinha acabado de ver no espelho. Olhei bem no fundo do mar verde dos olhos de Dean, tentando encontrar alguma resposta ali, tentando concluir se seriam os mesmo olhos. Mas, depois de tanto tentar encontrar alguma semelhança, eu pude entender que não se pareciam em nada com os outros olhos verdes. Os olhos de Dean pareciam um mar verde de tempestade, com sentimentos turbulentos. Os outros verdes eram mais suaves, cheio de sentimentos intensos, porém com tristeza e calma. Os olhos de Dean me diziam uma coisa, os olhos tentavam me dizer outra. Era como tentar falar italiano lendo inglês ao mesmo tempo. Aqueles olhos no espelho, não eram em nada como aos olhos que eu procurava. E por alguma razão, de alguma forma estranha, eu me sentia como se já tivesse visto aqueles olhos em algum lugar, apenas não conseguia me lembrar de onde. Por alguma razão absurda, eu comecei a sentir saudade daqueles olhos. Eu comecei a almejar ver eles novamente.
– Eu só pensei ter visto alguma coisa. – continuei a falar para Dean, desviando meus olhos dos seus. Por algum motivo, eu fiquei inquieta por não encontrar os outros olhos. Balancei a cabeça, negando para mim mesma que eu tinha visto alguma coisa. Como eu tentava me convencer antes, eu havia passado por muitas coisas nos últimos tempos. Sorri para Dean, olhando novamente para o espelho, tentando demonstrar que agora tudo estava bem. Dean automaticamente sorriu, desligando a mão que estava no meu antebraço até minha mão, entrelaçando os dedos nos meus. Então, só então, que eu me lembrei que estava nua. – Droga. – xinguei a mim mesma, com a voz entre dentes, me afastando de Dean e cobrindo as partes principais do corpo com as mãos.
Dean gargalhou no mesmo segundo, fazendo com que as coisas se tornassem ainda mais constrangedoras. Um olhar divertido ele me lançou, enquanto virava de costas para mim, porém não havia adiantado muito, por que o espelho ocupava a parede inteira e ainda mostrava meu reflexo onde Dean estava. Dean percebeu meu olhar pelo espelho e apenas piscou do jeito que ele sempre fazia, incrivelmente sexy, que seria capaz de conquistar qualquer mulher. Ele lançou em minha direção as roupas que ele tinha em sua mão, logo em seguida tampando os olhos com ambas as mãos, ainda sorrindo. Se aquele sorriso não fosse tão lindo, eu seria capaz de dar um soco nele para tirá-lo do seu rosto, por que estava incrivelmente conseguindo de irritar e me deixar ainda mais constrangida.
– Se vista. – ele sussurrou, ainda sorrindo, com a voz um pouco abafada.
Peguei as roupas ainda no ar, fazendo caretas, me certificando de que o caçador realmente não estava me vendo. Analisei brevemente as roupas, notando que elas eram bem no estilo Dean Winchester, só que na versão feminina. Havia uma camiseta sem manga branca, uma calça jeans escura, um conjunto de roupa intima preto e, o que essencial, bem estilo Dean Winchester de ser, uma jaqueta de couro preta. Não consegui deixar de sorrir, enquanto me vestia, sentindo o olhar de Dean em mim as vezes, mas fingindo não notar.
– Você está querendo fazer de mim um clone de você? – perguntei segundos depois, terminando completamente de me vestir. No mesmo segundo Dean se virou para mim, me dando a certeza de que ele havia me visto colocar a roupa. Lhe lancei um olhar cheio de perigo e em contra partida ele me lançou um olhar cheio de desejo.
– Agora sim você está com grande estilo. – ele disse passando os olhos por todo meu corpo, sem fazer questão de esconder todo o seu desejo. O seu olhar começava a me queimar, mas eu tentava fingir que não estava percebendo isso. O ar começava a ficar mais quente ao nosso redor e um alerta vermelho começava a picar em minha cabeça. Eu ainda o desejava, ainda queria seu corpo, mas eu não podia deixar que as coisas avançassem. Era perigoso demais.
– Eu sempre tive estilo. – me defendi, colocando as mãos na cintura, olhando para ele com expressão de incrédula.
– Eu sei disso. – ele concordou, se aproximando de mim, colocando as mãos na minha cintura, me deixando sem reação. Aproximou o rosto do meu, me fazendo sentir o suave deixo de álcool em seu hálito. Minha respiração ficou ofegante e era óbvio que eu o desejava. Dean sabia exatamente disso, porém não facilitava as coisas pra mim.
Dean aproximou seus lábios a centímetros do meu, porém não tocou minha boca. Eu o queria, aqui e agora, com urgência. Eu queria que ele me beijasse e fizesse tudo explodir, como ele havia feito antes, mas as coisas ficavam cada vez piores. Meu corpo queimava por aquele homem e eu ameaçava a perder a razão. Me apertando forte contra seu corpo, Dean beijou meu pescoço, provocando inúmeros arrepios e fazendo com que a minha fome dele aumentasse. Involuntariamente, eu soltei um gemido de desejo, colocando minhas mãos em ambos os lados de suas costas, arranhando suas roupas, o sentindo estremecer com o meu toque. Ele não havia esperado resposta, entretanto como ele não estava facilitando, eu também não iria facilitar.
Começando a passar a língua quente em minha pele, Dean me enlouqueceu mais um pouco. O desejo queimava em minha pele e eu já não conseguia encontrar a razão. Minhas defesas estavam baixas e eu somente sabia que o desejava. Naquele momento, eu não me importava com os sentimentos. Eu o queria, queria que ele me desse tudo o que ele tinha. Queria me afundar no desejo que estava me matando.
– Dean... – eu sussurrei seu nome, sem ar, apertando meus dedos em suas costas. –Por favor... – implorei, com o último pingo de sanidade que havia me restado. Porém, se eu realmente tivesse vontade de me afastar, eu já havia feito, mas só que eu não tinha forças para resistir ao desejo. Só me restava ele me libertar.
– Eu sei que você me quer. – ele sussurrou incrivelmente sexy e eu comecei a orar pensamento para que eu conseguisse suportar tamanha tentação. – Diz que me quer... – ele pediu, voltando a beijar meu pescoço, apertando mais meu corpo contra o dele. – Diz...
“Diz que me quer... Diz...” As palavras ecoaram em minha mente, me levando para mim tempo distante, um tempo que eu havia deixado escondido em meu passado. As lembranças me engasgaram no começa, mas com o passar dos segundos, eu começava a me acostumar com elas, quase como se eu as tivesse vivendo novamente. Senti as mãos dele firme em meu corpo, fazendo o fogo que já existia entre nós queimar ainda mais. Eu gemi enquanto ele mordiscava minha orelha, arranhando suas costas nuas, sentindo os músculos se contraírem desejo. Ele desceu seus lábios pelo meu pescoço, mordendo suavemente a pele fervente, ganhando cada vez mais contraste com a sua fria. Eu começava a explodir de fazer, enquanto pedia por mais em seu ouvido, gemendo seu nome. Seus olhos voltaram-se para os meus, enquanto eu afundava no prazer do seu corpo frio. Com um sorriso brincalhão, em apenas um único movimento, ele rasgou minhas roupas. Não havia vergonha ou devaneios, tudo o que existia era apenas o desejo. Ele passou a mão fria entre meus seios, enquanto a outra desligava para o meio de minhas pernas, encontrando meu clitóris já vibrando de desejo. O fato de eu não estar usando nada por baixo o havia ajudado, perigosamente. Seus dedos começaram a fazer movimentos rotativos, enlouquecendo-me como nunca. Gemi muito outras vezes, implorando para tê-lo novamente. Ele para calar meus gemidos, logo me devorou em um beijo quente, sugando minha boca com a sua, fazendo o fogo apenas crescer entre a gente. Em cada toque, eu o desejava ainda mais. Minhas pernas ficaram bambas e ele logo percebeu, me segurando em seus braços, com um sorriso matador em seus lábios.
“Eu quero você.” – respondi com urgência, olhando no mar dourado de seus olhos. “Eu te quero como nunca quis ninguém.”
“Então não se confunda com outros corpos, por que o único que poderá de dar verdadeiramente prazer será apenas o meu.” - ele declarou, aproximando seu rosto do meu, com o desejo queimando em seus olhos. “Sabe por quê?” – ele indagou, aproximando nossos rostos. Neguei com a cabeça, querendo que ele ficasse quieto e me deixasse. “Porque sou eu quem você ama.” – respondeu em meu ouvido, me fazendo fechar os olhos, ao escutar o doce som de sua voz. Ele estava certo, eu o amava. Assim como eu o desejava, eu o amava cem vezes mais.
“Sim, eu amo você Heath.” – respondi, enquanto ele voltava a devorar meus lábios com tamanha paixão e desejo. Estávamos queimando, mas tudo o que eu desejava era explodir em seus braços. Tudo o que eu queria era me tornar apenas um só corpo com ele, pois um só coração já éramos há muitos séculos.
Os lábios de Dean devorar com meus, entretanto eu começava a voltar à realidade, sentindo a explosão de desejo começar a desaparecer. Travei no mesmo segundo, abrindo meus olhos e voltando ao mundo real, deixando as lembranças antigas voltarem para qualquer lugar dentro de mim. Dean, no mesmo segundo, notou que eu congelei, arrancando seus lábios dos meus e me fitando com curiosidade.
– Dean... – eu comecei a falar de vagar, sentindo as palavras pesadas em minha garganta. Eu me sentia muito confusa, mas ao mesmo tempo eu nunca havia sentindo tamanha certeza. – O que está acontecendo? – finalmente perguntei, demonstrando o quanto eu me sentia perdida.
Dean pareceu entender no mesmo segundo, enquanto um lampejo de dor se passou em seus olhos. Sem explicação, Dean parecia entender as coisas que se passavam comigo melhor até do que eu. Ele tentou sorrir, como para me reconfortar, mas tudo o que eu queria era chorar. Chorar por que quem estava ali era Dean, chorar por que Heath nunca voltaria. E chorar como uma criança por motivos que eu nem conseguia imaginar.
– Que diz o que aconteceu. – Dean pediu, me tomando em seus braços, como uma criança. Então, eu notei que estava chorando, exatamente como da outra vez que eu havia vivido memórias passadas. Era doloroso demais me lembrar. Um sentimento de perda e solidão de apossavam de mim.
– Eu... Eu estava aqui com você e no segundo seguinte.. – não consegui falar, com medo do que Dean poderia achar da minha confissão. Ele poderia me achar louca, até por que ele não sabia exatamente muito sobre mim, em relação a aquelas coisas de outra vida. Bem, era isso o que eu pensava, pelo menos. Eu nunca havia dito isso para ele, mas Dean sempre parecia me surpreender.
– No segundo seguinte você estava com Heath. – Dean me ajudou, falando tranquilamente, como a coisa mais normal do mundo. Como se eu beijar ele, pensando em outro, não fosse à pior coisa do mundo.
– Como você sabe? – perguntei assustada, olhando diretamente seus olhos verdes. – Eu nunca te disse nada sobre isso.
– Andie – ele sorriu, mas eu nunca o tinha visto com os olhos tão tristes. – não me subestime. Sou um caçador, sei de coisas que você nem imaginaria.
– Sinto muito, Dean. – sussurrei com a voz fraca, lamentando por fazê-lo passar por aquela situação. Me escondi em seu peito, afundando meu rosto e fechando os olhos.
– Você não tem culpa. – ele beijou o topo da minha cabeça enquanto falava, alisando meus cabelos com os dedos. – Você não pode controlar isso que acontece com vocês. Essas melhorias vêem para te manter no caminho, como uma forma da consciência adormecida da Yonah se comunicar diretamente com você. Por mais que você não sinta, ela está bem viva dentro de você.
– Mas por quê? – perguntei confusa, como uma criança. – Por que acontece isso? – continue, mais para mim do que para Dean, não acreditando que ele teria uma resposta.
– Por que você está confusa. E está fazendo uma coisa que não devia estar fazendo. – sua voz parecia me acalmar. Ele parecia estar explicando para uma criança. – Andie, sua vida é muito confusa, só isso. Ainda mais agora, que você mor.. Quase morreu. Acho que você ficou alguns segundos do outro lado, isso ajuda a trazer muitas coisas átona.
– Eu não consigo entender este desejo ardente que eu sinto por você. – afirmei sem medo, me distanciando um pouco dele e olhando seu rosto. – Sinto muito, Dean. Eu realmente queria entender, queria dizer sim ou não, mas é sim e não ao mesmo tempo. Eu te desejo, só que ao mesmo tempo existe um amor que me obriga a não te querer.
– Acredite, pequena, eu sei. – ele me abraçou, beijando meu rosto. – E tudo o que eu queria era que as coisas se tornassem um pouco mais faceias para você. Eu sei que você me ama, de um jeito estranho, eu sei. Só que não é o bastante. Seu coração não voltaria a bater por mim. – ele terminou, segurando o cordão que estava em meu pescoço, entre a camiseta e a jaqueta.
Eu não sabia explicar como Dean simplesmente parecia saber de tudo. Era sobrenatural o modo como ele sempre sabia alguma coisa sobre mim. Ou nós tínhamos uma ligação muito forte, ou ele andava me espionando. Só que a última opção eu não pensava verdadeiramente que você a correta. Até porque, se Dean estivesse por perto, eu sentiria sua presença. Nossa ligação era forte demais para que eu, ou até mesmo ele, pudesse explicar.
Fez menção de arrancar o cordão, sabendo que ele pertencia aquele lugar, mas Dean me impediu, segurando o medalhão entre nossas mãos.
– Fique com ele. Nós dois sabemos que com você ele vai estar no lugar certo.
– Obrigada. – eu agradeci, como se ele tivesse acabado de me dar um presente, com um sorriso bobo no rosto.
– Você não deve agradecer por uma coisa que já é sua. – ele me repreendeu, também sorrindo, como se, só de ver a minha alegria, ele também ficasse feliz.
– Obrigada, Dean. Por tudo. – terminei, lhe dando um abraço forte e um beijo no rosto. Não havia vestígios de desejo louco, apenas restava um carinho fraternal. Por um lado, eu ficava feliz por as coisas tomarem este caminho, por outro eu ficava muito triste por Dean. Eu não tinha duvidas de que Dean me faria imensamente muito feliz, porém meu coração se recusava a deixá-lo entrar. Yonah se recusava a deixar Heath partir. E eu, dolorosamente, também me recusava a deixar Edward Cullen sair do meu coração.
– Não por isso, minha pequena. – ele também beijou meu rosto e largou minha mão e o medalhão. – Agora nós precisamos ir.
Assenti suavemente com os olhos, sorrindo suavemente com o canto da boca, acompanhando o olhar do caçador. Dean sorriu mais uma vez, pegando minha mão, entrelaçando seus dedos longos e quentes com o meu, depositando logo em seguida um beijo carinhoso no meu pulso, sem nunca tirar seus olhos do meu, me passando aquela confiança nos olhos verdes que só ele tinha o poder de me passar, como se ao seu lado eu não devesse temer mais nada. A certeza que aqueles olhos me passavam, estava bem longe da minha compreensão, mas seu verdadeiramente sabia que com Dean eu não precisava me esconder, com Dean não havia mentiras, não havia medo. Eu me sentia livre em sua presença para dizer qualquer coisa, como eu nunca havia me sentido com mais ninguém.
Dean me puxou sutilmente pela mão pelo cômodo seguinte, me fazendo suspirar um pouco quando voltei a rever o quarto, olhando para Dean em seguida, que me lançou um olhar de cumplicidade e sorriu. Meu coração logo se acalmou, enquanto eu dizia para mim mesma de que agora as coisas estavam bem. Eu não voltaria a ter memórias, não voltaria a ferir meu próprio coração, como Yonah sempre tentava fazer, quando ela percebia que os meus próprios sentimentos se tornavam um mistério para mim. Eu não conseguia ter raiva da minha outra metade, apesar de pensar que ela sempre acabava jogando sujo comigo. Eu preferiria sofrer apenas uma vez, ao invés de ficar tendo apenas migalhas de memórias. Entretanto, até eu mesma sabia que, se assim, tendo poucas memórias, já era muito difícil separar esta vida da outra, com as memórias totalmente vividas de Yonah, eu acabaria enlouquecendo de uma vez. Mentalmente, eu agradeci aquela parte escondida de mim e pedi silenciosamente que ela não voltasse a me revelar alguma coisa tão cedo.
– Se você quiser, nós podemos ficar esta noite. – Dean declarou, ao perceber meu olhar demorado para os quatro cantos dos quartos, apertando suavemente a minha mão, com o seu olhar compreensivo e doce.
– Não, está tudo bem. – disse mexendo minha cabeça e sorrindo tranquilamente. – Acho melhor irmos ainda hoje. Já estou quase totalmente recuperada e não há necessidade nenhuma de continuar aqui, Dean.
– Tem certeza? – ele perguntou, sabendo que aquele lugar, de alguma forma, significava alguma coisa para mim. Sem palavras, sem explicações, Dean conseguia entender meus sentimentos. Ele sabia que, ao estar ali, eu me sentia um pouco mais viva, um pouco mais perto das memórias de Yonah. Um pouco mais perto de Edward, como se ele já estivesse presente, tornando assim minha dor apenas uma lembrança. – Podemos ficar...
– Não. – interrompi, apertando sua mão, olhando uma última vez para o quarto. Eu não precisava estar ali para me sentir um pouco mais viva, tentei convencer a mim mesma. Eu estava bem agora, me sentia melhor do que um dia eu já pude me sentir. E, a coisa mais maravilhosa do mundo, eu já não sentia mais medo. Eu não precisava despertar Yonah para me sentir mais forte. Eu era forte, mesmo muitas vezes não demonstrando isso. Eu sabia que poderia ser forte. Principalmente, quando Dean estava do meu lado, segurando a minha mão daquela forma tão doce. – Vamos embora, Dean.
Dean sorriu, mostrando todos seus perfeitos dentes brancos, um sorriso que alcançou o topo de seus olhos incrivelmente verdes, como uma piscina de água natural. Como se ele sentisse minhas emoções, ele me fez perceber, com os olhos, com aquele olhar hipnotizante, que se sentia feliz por eu confiar tanto nele. Éramos cúmplices, independentemente de qualquer outra coisa e isso não necessitava de palavras. Com Dean, as palavras eram insignificantes. Tínhamos uma ligação, fora de qualquer entendimento humano.
Saímos no quarto no instante seguinte, caminhando lado a lado, com as mãos fortemente entrelaçadas, sorrindo suavemente um para o outro, como sempre sem palavras que pudessem descrever qualquer coisa. Seguimos pelo corredor escuro, só que desta vez eu não me senti com medo, pois estava sendo guiada por Dean. Foi então que eu me lembrei de uma coisa.
– Dean. – sussurrei entre a escuridão que parecia nos engolir, sentindo seu corpo logo voltar sua atenção para mim. Olhei para seu rosto, logo percebendo que ele não podia me ver. Seu rosto parecia se preocupar com o tom que saiu da minha garganta e eu deixei de me surpreender com o jeito que ele sempre conseguia me entender. – Quando eu estava aqui no corredor, eu vi uma coisa... Um homem, eu acho. Não sei direito. – Dean ficou com os músculos rígidos e sua expressão no rosto se tornou mais preocupada. Ele parecia saber exatamente do que eu estava falando. – Eu queria te perguntar o que tipo de coisa ele era. Para mim me pareceu ser um vampiro, mas não tenho certeza. Ele pedia muito, mas como se ele fosse capaz de controlar, aquele jeito sumiu como névoa. – Dean suspirou, olhando para a direção onde ele pensava estar meu rosto. Fechou os olhos e suspirou novamente, como pensando em cada palavra que me diria. – Você sabe o que ele era?
– Ele era um vampiro. – sua voz rompeu a escuridão, um pouco mais fria do que o habitual, ainda mais se tratando diretamente a mim, o que me fez notar que ele não estava confortável com aquele assunto. – Um vampiro original.
– Original? – indaguei confusa. – Eu sempre pensei que somente existia uma única espécie de vampiros.
– Todos pensam assim. – ele continuou, desviando seu rosto do meu olhar, voltando-se para frente. – Geralmente esses vampiros são apenas lendas por ai. As pessoas não sabem realmente que eles existem, nem mesmo os outros vampiros, os que você conhece. – ele tentava me explicar, porém tomava muito cuidado com as palavras. – O vampiro que você viu hoje, como aos que você conhece, ele já foi o outro tipo de vampiro.
– Então, ele já foi como os Cullen. Mas, como ele se tornou daquele jeito? – levantei minha sobrancelha, me lembrando da forma sinistra que ele era.
– Ele morreu. – continuou, com a voz fria como gelo. – Ele era um vampiro como os Cullen, mas acabou matando uma pessoa, bebendo todo seu sangue, destruindo sua alma. – um arrepio percorreu minha espinha, ao imaginar. – Entenda, a alma humana é muito frágil e não suporta a escuridão de um vampiro entregue as trevas. Ele morreu, sua alma morreu no momento em que ele matou alguém, no momento em que desistiu de sua humanidade, se tornando o verdadeiro vampiro, como aos que a gente vê naquelas histórias de terror, sem nenhuma humanidade, sem bondade, sem compaixão pela vida humana. Eles são como animais sedentos de sangue, viciados em matar alma inocentes.
Eu estava ficando apavorada com aquela história toda, principalmente por que a questão estava sendo que Dean tinha me trazido para a casa de um vampiro daqueles. Ele era louco? Ainda mais eu estando praticamente morta, inconsciente e muito frágil. Eu podia ter sido morta por aquela coisa e Dean praticamente não fez nada para me proteger. Tinha me levado na toca do leão.
– Dean, como esses vampiros sendo tão perigos, você me trouxe aqui? – indaguei, indignado por Dean e já muito chateado por ele não se preocupar com a minha integridade física. – Eu podia ter sido morta...
– Andie, não é assim. – ele se virou para mim, colocando as mãos em meus ombros, sentindo em minha voz o que eu estava sentindo. – Eu nunca te colocaria em um perigo assim. – passou sua mão pelo meu rosto, com a voz mais doce, como geralmente ele falava comigo. – Você sabe que eu nunca faria isso com você, pois a minha missão é te proteger. – eu fiquei um pouco confusa pelo modo como ele disse que aquilo era uma missão e ele pareceu perceber, como se houvesse dito uma coisa que jamais deveria ter sido pronunciada. – Eu amo você e considero o fato de te colocar em perigo a pior coisa do mundo. Eu jamais, jamais entendeu? Eu jamais arriscaria sua vida numa coisa estúpida como isso. – se aproximando, ele colocou os lábios quentes no meu ouvido, fazendo sua respiração quente arrepiar minha pele. – Eu amo você demais para fazer isso. – ele sussurrou, me fazendo fechar forte os olhos, sentindo suas emoções quentes invadirem meu coração.
Como se sentisse seus próprios sentimentos refletidos em mim, ele voltou-se para frente, tomando uma distancia segura de mim. Consegui recobrar meus sentimentos, me convencendo de que as coisas estavam bem, mas sentindo em meu coração que aquilo não era verdade. Novamente, eu pensava no que seria da minha existência a partir de agora, pois eu me encontrava confusa demais para saber. Dean seria a melhor coisa do mundo, mas dentro do meu coração, eu sentia um fogo fervente que queimava por outra pessoa. Era fora do meu controle, se não, eu mesma já teria arrancado aquele amor de dentro dele, mas seria como arrancar meu próprio coração, como arrancar o motivo da minha vinda ao mundo. Entretanto, eu mesma já sabia que as coisas já não eram como as mesmas. Eu me sentia muito idiota por continuar brincando com os sentimentos de Dean, porém eu não podia evitar que aquilo acontecesse, pois no fundo da minha alma, eu procurava Edward dentro de Dean e pior, eu realmente pensava que poderia encontrar.
Versão Terceira Pessoa:
Quando o Guardião Edward resolveu que Andie ser de Dean era a melhor opção, ele nunca pôde pensar que iria tentar fazer a coisa mais difícil do mundo. Sem mencionar que isso seria como destruir seu próprio coração, entretanto ele nunca imaginou que Yonah relutaria tanto. Quando ele tocou a alma do caçador, se conectando com sua própria alma, como se ambos fossem a extensão de apenas um corpo, ele não foi capaz de perceber que ele estava cometendo seu maior erro. Andie sentiria Edward presente, seu inconsciente perceberia que seu amor estava ali, porém sua consciência apenas perceberia Dean ali e ela acharia que todo aquele amor, todo aquele desejo, era pelo caçador e não por ele. Entretanto, aquilo era como matar a si mesmo. Mas, com a razão e com o coração, ele não se importava. Andie tinha que se apaixonar por Dean, ou pelo menos pensar, para assim se afastar do seu corpo, que provavelmente tentaria matá-la na primeira oportunidade. Ele manteria Andie longe de seu próprio corpo, nem que para isso tivesse que ocupar eternamente um pedaço do corpo do caçador.
“Eu sempre tive estilo.” – Andie se defendeu, colocando as mãos na cintura e olhando indignada para Dean.
“Eu sei disso.” – Dean concordou,se aproximando com pequenos passos de Andie, colocando suas mãos em sua cintura e Edward soube que aquele seria o momento certo. Se aproximou com cuidado, no invisível, para que assim a alma de Miguel não sentisse sua aproximação. Colocou a mão invisível no ombro do caçador, sentindo por um momento as emoções fortes do humano se fundir com as suas próprias, como se eles se fundissem em apenas um corpo. Miguel lutou um pouco, mas o corpo humano o deixava vulnerável demais para ser um Arcanjo, pois sua alma naquele humano era humana. Já a de Edward, no momento em que seu corpo escolhera a escuridão, libertando sua alma, ele havia se tornado novamente um anjo guardador, mais forte do que qualquer criatura terrestre. Edward afundou pelo corpo humano, sentindo aos poucos as emoções cada vez mais fortes, entretanto tendo consciência de que não poderia ficar por muito tempo, pois se não a alma de Dean certamente romperia.
No segundo seguinte, ele já sentia como se estivesse em seu próprio corpo e a alma de Yonah pareceu notar sua presença, estremecendo-se em seus braços, enquanto a presença do amor ficava cada vez mais forte entre eles. Ele aproximou seu rosto angelical com o dela, a fazendo sentir o suave cheiro de álcool em seu hálito, a fazendo reconhecer alguma característica do corpo do caçador que estava sendo usado. Logo a respiração da garota em seus braços ficou ofegante e o coração de ambos gritou ao mesmo tempo. Edward chegou os olhos por um instante, sentindo a alegria de tê-la novamente em seus braços, sentindo o perfume amadeirado invadir seu pulmão, trazendo todo reconhecimento. Dean também estremeceu, mas por outras razões, por que sua alma se tornava cada vez mais insentivel naquele lugar.
O coração da loba e do guardião invisível tornaram apenas um e a ligação entre os dois era tocável e indestrutível. Ao tocar sua pele, a dele estremeceu, cada vez desejando-a mais. Edward se aproximou ainda mais, colocando seus lábios a centímetros do dela, sentindo o sentimento crescendo e ele quase sorriu, por que Yonah já sabia que ele estava ali. Eles se amavam e aquilo era o bastante. Aquilo era fora do entendimento, mas o amor entre eles ultrapassava qualquer limite.
Andie suspirou, sentindo o desejo de o ter novamente, mas sua mente humana, apenas pensava que era o caçador ali. Edward sorriu de lado, com a alegria de poder dê-la. Ele a queria, seu mundo era ela. Ela era a razão pela qual ele lutava, a razão pela qual ele escolheria a morte mil vezes. Aquele amor era a verdadeira razão da sua vida. Continuou se aproximando, lentamente, colocando seus lábios contra o pescoço moreno, fazendo ambos arfar de prazer. A textura de sua pele o deixava louco, era a melhor sensação do mundo, e ele se sentia finalmente na perfeição. Andie, sentindo desejo queimar dentre os dois, sentindo o verdadeiro toque de seu amor, gemeu loucamente, perdendo os sentidos de desejo, desejando cada vez mais o do toque dele.
Andie agarrou suas costas, Edward gemeu, mas o corpo do caçador não imitiu qualquer som. Começando a passar a sua língua quente na pele macia dele, ele quis a enlouquecer, entretanto aquilo também o enlouquecia. O desejo o queimava por dentro, ameaçando explodir seu peito. E ele quis tanto dizer que a amava, que era ele ali, apesar de aquilo ser muito absurdo para se acreditar. Ele queria lhe amar ali mesmo, mesmo sabendo que seu tempo estava acabando. O belo movendo de amor estava prestes a acabar, uma coisa dentro dele o dizia, pois Miguel voltava aos poucos, recuperando seu próprio.
– Dean... – Andie o chamou com desejo, entretanto com a consciência gritando em sua mente. Edward soube que seria difícil, primeiramente por que não escutar o desejo misturado com seu nome era insuportável. Seu coração doeu, mas ele se convenceu de que aquilo era o melhor a se fazer, por mais que doesse. Andie tinha que deixar de amá-lo, mesmo ainda que fosse para amar ou pensar amar outro. Era um estranho modo de a fazer esquecer dele, por que ela estava apenas apaixonada por ele, mesmo não sabendo disso. Era uma idéia maluca, mas Edward já não tinha mais saída. Logo o outro Edward encontraria Andie e ela teria que estar um pouco mais imune a ele. – Por favor... – ao implorar, o coração de Edward também implorou, porém com razões bem diferentes. Era doloroso e saboroso tê-la em seus braços.
– Eu sei que você me quer. – Edward sussurrou em quente em seu ouvido, com o desejo explodindo em seu corpo. Fechou os olhos e respirou fundo mais uma vez, guardando aquele perfume em sua memória. Ele sempre estaria com ela, mesmo que para isso tivesse que sempre emprestar o corpo do caçador. Ela era seu ar, a chama quente que sustentava sua vida, era impossível não se sentir daquela madeira com ela em seus braços. Tudo estava certo agora, tudo estava em seu devido lugar. Era ele quem deveria realmente estar ali, ele sabia. Ambos sabiam. E o amor imortal os possibilitavam a realizar loucuras como essas. – Diz que me quer... – com os lábios formigando de desejo ele voltou a pedir, voltando a beijar o pescoço, agora sem o peço de querer beber seu sangue. Era indescritível e destrutível ao mesmo tempo. Saboroso e de partir o coração. Ele apertou mais o corpo dela contra o dele, sentindo os dois corações batendo no mesmo frenético. O mesmo amor insano queimando entre eles, misturando-se com o desejo ardente de seus corpos. – Diz...
Sem pestanejar, enxergando a alma do amado ali, Andie sussurrou, perdendo de vez o controle de sua mente, deixando Yonah aparecer completamente: - Eu amo muito você, meu amor. – sussurrou virando-se para beijá-lo, com os corações explodindo juntos. – Heath eu te amo.
– Eu também te amo muito minha existência. – ao terminar, sem que se permitissem mais um segundo de tortura, os lábios dela já o devoravam, com saudade e amor. Explodindo juntos, ambos começaram a se devorarem no amor. Ele a apertou mais entre seus braços, enquanto a mesma lhe abraça com força, sem nunca desgrudarem os lábios. Ele passou a mão suavemente a mão pelo contorno do corpo do dela, enquanto a mesma ameaçava arrancar sua camisa. Então, fui quando tudo acabou, no segundo que Dean recuperou sua consciência e continuou beijando a loba, entretanto ela também já não era a mesma, sentindo que já não era deu amor ali. Edward foi jogado para longe, sentindo a forte mão de Miguel em sua alma. Entretanto, a consciência do humano e de sua verdadeira existência não estava despertada o bastante.
Versão Andie:
– Dean. – eu disse, me afastando um pouco dele, como se fosse olhar em seus olhos, mas com a verdadeira intenção de não voltar a senti-lo tão próximo. – Eu ainda me sinto muito confusa. – entretanto ele não quis escutar, me calando com um beijo quente. Ele me apertou contra seus braços fortes, enquanto eu tentava resistir, mas foi quando algo aconteceu e aquele desejo repentino voltou com força, como se não fosse mais Dean ali. E por alguma razão irracional, tudo o que eu queria era beijá-lo, com urgência e necessidade, pois sem ele eu me sentia morrer aos poucos. Era uma necessidade insana, como se eu procurasse por ele há séculos e, uma parte de mim, desejou ardentemente que fosse Edward ali.
– Eu estou aqui com você. – como se ouvisse minhas suplicas interiores, Dean respondeu, entretanto com a voz transformada, com a voz mais doce e mais suave, como eu só tinha visto em apenas uma pessoa. Apertei meus olhos já fechados, imaginando Edward ali. Inacreditavelmente, não foi difícil, pois no segundo seguinte, era como se Edward estivesse me beijando urgentemente, como se o mundo ameaçasse acabar. – E não vou a lugar nenhum, meu amor. – sussurrou entre nosso beijo, mordiscando meu lábio inferior, me fazendo arfar alto de desejo. – Nunca esqueça, eu sempre vou arrumar uma maneira de estar com você.
– Promete? – perguntei com medo, com os olhos fechados, imaginando meu amor ali, apertando ele mais contra meu corpo.
– O que o seu coração diz agora? – ele levou minha mão em meu coração, onde o mesmo ameaçava ter um enfarte. Sorri automaticamente, sentindo o sentimento fervente entre nós. Ele levou minha outra mão até o seu próprio coração, me fazendo notar que, estranhamente, ambos pareciam bater no mesmo ritmo enfartante. – E o que o meu coração te diz? – ele sussurrou com a voz suave, aproximando-se do meu ouvido, logo em seguida dando um selinho atrás da minha orelha, passando a língua suavemente.
– Diz que sempre estaremos juntos. Que não importa nada, você sempre vai estar presente em mim e eu sempre vou estar presente em você. Basta que eu coloque a mão sobre meu próprio coração para entender que você sempre vai estar em mim. Eu amo você e nada jamais mudara isso, Edward. – as palavras voaram para fora da minha boca e eu logo senti medo, Dean estava ali, entretanto era difícil não acreditar que na verdade era Edward.
Como tudo começou na escuridão, as coisas voltaram estranhamente para o seu lugar, como um passe de mágica, o ar a minha volta voltou ao seu normal, gélido e escuro, sem a calma e o amor no qual eu já estava habituada. Dean suspirou, como se voltasse de um mergulho, me fazendo abrir os olhos, encontrando logo seus olhos verdes, no momento em que ele apenas sorriu, como se nada tivesse acontecido. Eu me senti, como de costume, mais uma vez confusa, porém não tinha coragem o bastante para falar do que tinha acabado de acontecer.
– Há muitas diferenças entre os vampiros originais e os vampiros que você conhece. – Dean disse com a voz calma, voltando ao assunto como se ele nunca tivesse partido, me fazendo levantar a sobrancelha e encará-lo com a pergunta estampada no rosto. Ele passou a mão suavemente pelo meu rosto, por um segundo eu tendei encontrar o mesmo toque de antes, mas logo eu percebi que o toque que agora eu sentia era estranhamente diferente, como se antes fosse outra pessoa ali. – E Bobby não é exatamente como os vampiros originais que existem por ai. – ele continuou, colocando sua mão na minha e voltando a andar suavemente pelo corredor, me fazendo acompanhá-lo.
– Como ele é diferente? – tentei saber, tentando esquecer de uma vez por todas o que tinha acabado de acontecer. Muitas coisas estranhas estavam acontecendo, tentei dizer a mim mesma de que eu estava apenas cansada. Talvez aquilo tivesse sido apenas mais uma das minhas loucuras. Eu era louca, sabia exatamente disso, mas no fundo da minha alma, eu sabia que não havia loucuras naquilo ali. Eu sabia o que tinha acabado de presenciar, mas preferi deixar de lado, apenas guardando aquelas últimas palavras para mim mesma. Coloquei a mão no cordão de prata no meu pescoço, procurando o coração azul transparente, logo o segurando entre meus dedos, o sentindo quente como água morna. Dean continuou andando, enquanto eu o seguia, com a outra mão selada na dele, parecendo pensar nas palavras certas para me dizer, não percebendo quando uma lágrima solitária escorreu pelo meu rosto.
– Acho que sei um jeito de te mostrar melhor. – ele sorriu, piscando na escuridão, apontando para mim uma porta no fim de um dos corredores. – Você quer conhecer oficialmente o Bobby? – ele perguntou, com um ar desafiador, ainda sorrindo.
Me encolhi um pouco, pensando nas minhas possibilidades, deixando por hora aquele acontecimento estranho de lado um pouco, me focando no meu presente. Logo assenti, não demorando muito para Dean sentir meu consentimento, sorrindo ainda mais.
– Assim que eu gosto, garota corajosa. – Dean brincou, voltando a ser o mesmo de antes, fazendo meu coração doer um pouco, com uma forte pontada. Era Dean ali e eu era apenas uma idiota. Ou pela pior das hipóteses, eu estava apenas sustando mesmo. Eu pediria urgente para alguém me internar. As coisas estavam piorando e aquela escuridão estranhava me acenava, indicando sua presença. Ela estava fraca como o ar, mas ainda continuava presente, entretanto eu me sentia capaz de controlá-la agora. – Então vamos. – Dean finalizou, percebendo que eu estava demorando demais para fazer qualquer coisa, puxando minha mão, indo em direção a porta. O impedi no mesmo instante, puxando sutilmente a minha mão, não tendo muito certeza de que eu queria voltar a rever o Conde Drácula. Dean olhou para mim, com a expressão de interrogação, voltando-se para mim, enquanto parávamos na frente da porta. – O que foi? – ele perguntou, mas eu não respondi, apenas dando como resposta o meu movimento de abaixar os olhos, mesmo sabendo que ele não tinha uma visão muito boa de mim, ainda mais com aqueles olhos humanos. Entretanto, mesmo não conseguindo visualizar meu rosto, eu tinha a certeza de que sempre sabia o que eu estava fazendo. – Você está com medo? – ele voltou a perguntar se aproximando, me fazendo olhá-lo mais uma vez, fazendo aquela mesma pergunta em minha cabeça.
Não era exatamente medo. Eu apenas não queria sentir aquele fedor horrível. Eu não queria voltar a sentir meu estômago se revirar, como se fosse fugir de mim mesma. E, principalmente, por algum pressentimento besta, eu não queria saber nada sobre os vampiros originais. Tudo o que eu queria era tomar muita distancia deles, pelo menos até que eu estivesse boa o bastante para cuidar eu mesma da minha vida. Era estranho me sentir como uma garotinha amedrontada, mas tudo o que eu não queria era entrar por aquela porta. Como um pressagio, eu não queria conviver com aquilo. Eu não queria saber absolutamente nada.
– Andie? – Dean levantou suavemente uma de suas sobrancelhas, me encarando como se eu fosse criança demais para saber o que eu queria.
Odiei aquilo no mesmo segundo, pegando novamente a mão de Dean, no segundo seguinte batendo na porta. Eu simplesmente odiava ver aquele olhar nas pessoas, como se eu não fosse capaz de fazer qualquer coisa sozinha. Aquele olhar na minha mãe já era o bastante para mim.
– Entre. – aquela voz sinistra falou do outro lado da porta, fazendo meu estômago se revirar.
Continuei segurando a mão de Dean, até que eu resolvi tomar uma iniciativa, já que Dean apenas parecia assistir meus movimentos, como se não tivesse certeza do que deveria fazer. Empurrei a porta com a outra mão, sutilmente, logo tendo uma boa visão ampla do novo ambiente. Era um tipo de escritório, com grandes estantes e muitos livros, que me pareceu serem muito velhos. Entrei logo em seguida, fechando a porta atrás de mim, com Dean ao meu lado, calado como eu nunca tinha visto. Olhei, mais tranqüila do que eu esperava, para o ser que estava dentro do escritório, sentado atrás de uma gigante mesa, cheio de folhas espalhadas e livros abertos. Assim que nossos olhos se encontraram, ele sorriu, levantando-se agilmente, como se recebesse um grande amigo. Não pude deixar de perceber seus curiosos olhos vermelhos leitosos, mas sentei disfarçar, assim que eu percebi que ele havia percebido que eu o analisava.
Ele caminhou até ficar em minha frente, se curvando em respeito diante de mim, como se ele estivesse na frente de alguma pessoa da realeza. Ameacei dizer que não precisava, mas Dean me interrompeu, colocando sua mão em meu ombro e me lançando um olhar de que eu não deveria interromper o que o vampiro fazia. Assenti logo, voltando meus olhos para o vampiro, o analisando totalmente agora. Ele era alto, tão alto quanto os lobos, com a estatura e a magreza de um daqueles guerreiros antigos. Seus cabelos eram brancos, grande o suficiente para tocar o meio de suas costas. A pele era tão branca quanto o cabelo, me fazendo lembrar dos outros vampiros que eu conhecia, mas percebendo que este vampiro ainda conseguia ser mais pálido. Ele tinha a aparência de um homem de meia idade, com o rosto belo, o que era o habitual dos outros vampiros, mas ele ainda conseguia ser mais elegante do que os que eu conhecida. Seus movimentos eram mais parecidos como ao de um felino, mas eu percebi que ele se esforçava para parecer humano.
– Minha rainha... – ele exclamou ainda se curvando, mas logo voltado a ficar ereto, olhando-me com intensidade, como se me analisasse também, como se não me visse a muito tempo. – Estou feliz por conhecê-la. – se aproximou, sempre sem tirar os olhos do meu. Pegando minha mão, ele deu-me um pequeno beijo no pulso, me fazendo estremecer, entretanto sempre mantendo o controle. – Você ainda é muito graciosa.
– Estou feliz por conhecê-lo. – declarei, sentindo minha voz forte e suave, não demonstrando qualquer medo. Eu tentei sentir algum cheiro, mas tudo o que me chegava era poeira e álcool. – Não pude me apresentar na outra hora. Meu nome é Analise, mas acho que você já sabe... – terminei, percebendo que agora ele sorria, mostrando seus dentes afiados, me deixando na hora chocada, ao focalizar suas pressas afiadas, no lugar onde deveriam estar os seus caninos.
Ele logo percebeu meu olhar, se afastando de imediato, como se me mostrasse que não havia perigo. Tentei sorrir, mas meu corpo estava paralisado. Tentei sentir as emoções de Dean, mas ele apenas assistia calado, olhando o desenrolar da cena em sua frente. Eu perguntei a ele com os olhos o que raios ele estava fazendo, mas logo desisti, notando que ele estava estranho e parecia indeciso do que fazer, como se me levasse embora agora mesmo ou me deixava ali. Ele me olhava como se analisasse se havia perigo.
– Não tenha medo, querida. – o vampiro tentou me convencer, se afastando mais um pouco, olhando de relance para Dean, o mesmo apenas lhe deu um olhar estranho em troca. – Eu sou amigo. – declarou, se aproximando novamente, como se sentisse meus sentimentos em sua própria pele. – Jamais te machucaria, não é Dean? – ele rebateu, olhando para o caçador, com um olhar ameaçador nos olhos vermelhos leitosos. Não obtendo resposta nenhuma, o vampiro voltou-se para mim, com os olhos um pouco tristes, como se o fato de Dean não responder o machucasse. Notei que aquilo se tratava de confiança, pois Dean realmente não havia declarado sua confiança no vampiro.
– Sim Bobby, eu sei que você jamais a machucaria. – Dean disse segundos depois, os mesmos segundos que pareciam ter se arrastado. Com um sorriso no canto dos lábios Dean se aproximou mais de mim, olhando para o vampiro. – Eu sempre vou confiar em você. – ele terminou, como se esquecesse de que eu estava ali, olhando fixamente para o vampiro, com os olhos de ambos interligados, como se iniciassem uma conversa silenciosa. Bobby sorriu e Dean piscou rapidamente, com aquele ar zombeteiro que ele sempre tinha, me fazendo relaxar os ombros, por que o caçador agora tinha voltado.
Dei um passo à frente, me aproximando de Bobby, quebrando o tipo de olhar cheio de cumplicidade que os cavalheiros tinham, sorrindo um pouco, como se realmente me sentisse segura ali. Tentei não olhar em suas pressas no momento em que eu voltei a falar.
– Confiamos em você. – minha voz passou firmeza, no segundo em que eu me curvava um pouco, fazendo o mesmo cumprimento estranho que o vampiro havia me saldado. – Prazer em te conhecer Bobby.
– O prazer é todo meu, minha bela dama. – ele me certificou, sorrindo amigavelmente para mim, dando-me a impressão de já o conhecer. – Espero poder esclarecer todas suas duvidas em questão a minha diferença entre os vampiros que você conhece. – ele falou como se já estivesse dentro da conversa em que eu e Dean tivemos no corredor e eu não tinha duvida nenhuma de que ele tinha ouvido tudo. Ele era um vampiro, com os sentidos melhores até do que os meus, que por sinal não andam me ajudando muito, por que eu simplesmente não consegui me concentrar neles o bastante.
Me lembrei de que fazia muito tempo que eu não me transformava, a última vez havia sido quando Ângela esteve em perigo, quando eu lutei contra o vampiro Christian. Me lembrar dele fez minha espinha formigar, eu nunca antes tinha matado alguém, nem mesmo um vampiro. Lembrando agora, eu percebia que ele também tinha os olhos vermelhos, mas não se parecia em nada com um vampiro original. Como aquilo era possível?
– Vejo que você tem muitas dúvidas em sua cabeça. – o vampiro presente chamou minha atenção, com os olhos me queimando. Ele viu a possibilidade de ele ler meus pensamentos se passar pelo meu olhar e logo continuou a tentar esclarecer minhas questões, como um velho amigo. – Não se preocupe, não estou lendo sua mente, mas posso sentir suas emoções. – eu sorri, agradecida, no mesmo segundo. – Vamos nos sentar. - ele apontou a gigante mesa em nossa frente, logo se aproximando dela e puxando uma cadeira, olhando diretamente para mim, para que eu me sentasse.
Dean e eu andamos silenciosamente até a mesa, enquanto o vampiro dava a volta e voltava a sentar em seu lugar, na frente de nós. Dean esperou até que eu me sentasse para ir até seu lugar, se sentando ao meu lado, puxando um pouco a sua cadeira para mais perto, colocando sua mão encima da minha, olhando brevemente para mim, com os olhos transbordando carinho. Olhei para meus pés descalços, sentindo todos os olhares do escritório em mim. Voltei meus olhos para Bobby a minha frente, com o olhar de quem estava preparada. Bobby percebeu, logo eu percebi que aquilo era natural. Ele voltou a falar, sem nunca tirar os olhos dos meus, mas antes ele passou os olhos pelo pequeno cordão de prata que estava em volta do meu pescoço, focalizando-se no pequeno coração azul transparente. Como se sentisse as coisas, ou soubesse demais, ele olhou para a mão de Dean encima da minha, mas eu logo percebi que o que ele olhava era outra coisa. Seus olhos se focalizaram no pequeno anel que estava no meu penúltimo dedo, antes do dedo mindinho. Ele olhou com intensidade para o delicado anel em meu dedo, como se soubesse exatamente o que ele significava.
Eu nunca havia arrancado do dedo aquele anel de compromisso que Edward havia me dado, mesmo sabendo que era doloroso olhá-lo todos os dias, mas aquilo era como uma força de eu sentir Edward por perto. Aquele anel, mesmo que fosse doloroso, era a única coisa que eu tinha de Edward. Corei no mesmo instante sob o olhar do vampiro, olhando no mesmo instante para baixo, também olhando meu anel. Depois, voltei meus olhos para os olhos vermelhos e eles me lançaram um olhar de compreensão que eu não consegui explicar. Era como se ele soubesse exatamente de tudo, principalmente da dor que eu havia sentido ao perder Edward, como se ele estivesse lendo a minha alma.
– Me diga querida, quais são suas dúvidas. – ele voltou a falar, calmamente, olhando de relance mais uma vez para meu cordão de prata, porém desta fez eu não tive medo.
– Como matamos um vampiro original? – nem eu mesma sabia de onde tinha saído aquela duvida, mas meus lábios naquele instante me pareciam ter vida própria. O vampiro pareceu se surpreender por um instante com a pergunta, mas logo voltou a sorrir, cruzando os braços encima da mesa.
– Com uma estaca de prata. – ele percebeu que eu me surpreendi, porém continuou falando. – Mas, não pode ser uma simples estaca de prata, antes ela tem que ser enfeitiçada por algum cigano. Geralmente não pode ser qualquer cigano, porque para a estaca funcionar, para ela matar um corpo já morto, ela tem que ser batizada com uma alma pura. Não é fácil encontrar uma alma assim, já que se trata de almas de anjos. – Dean ficou rígido ao meu lado e eu me surpreendi ao escutar aquelas palavras. Não deveria, mas o fato de saber que anjos verdadeiramente existiam por ai me assustava. Novas perguntas se formaram em minha mente, entretanto Bobby prosseguiu. – Para que a estaca funcione de verdade um anjo tem que sacrificar sua alma. Não é fácil, acredite, não por que os anjos não querem ajudar, mas por que os anjos não estão neste mundo. Uma vez ou outra um aparece , caído, expulso do céu, mas não é fácil convencê-lo a ajudar, por isso são muito poucas as estacas.
– Expulsos do céu? – eu exclamei sem pensar, tentando entender. – Nunca imaginei que anjos fossem expulsos.
– Na verdade é muito raro. – Bobby lançou um olhar estranho para Dean, mas logo se voltou para mim. – Houve apenas uma vez, quando um exercito caiu.
– E o que aconteceu? – indaguei muito curiosa. Dean apertou minha mão, me fazendo olhá-lo, logo percebendo que ele parecia distante, com os olhos fixados em Bobby.
– A coisa ficou feia. – Bobby sussurrou, olhando seriamente para mim, com os olhos perdidos no passado. – A coisa ficou muito feia, garota.
– Chega! – Dean exclamou com raiva, se levantando da cadeira, olhando para Bobby com um olhar raivoso. – Ela não quer saber nada sobre anjos.
– Mas eu quero. – eu também exclamei o contrariando, olhando para ele com um olhar indignado. O que havia de tão secreto que ele não queria que me contassem? O que os anjos tinham de tão errado que ele não me deixava saber? Agora eu queria saber. O que tinha acontecido depois? O que Bobby disse sobre as coisas terem ficado feias?
– Andie, por favor, não discorde de mim. – Dean pediu olhando para mim, me deixando ainda mais confusa, olhando naqueles olhos verdes suplicantes. – Não há nada de interessante com os anjos. É só um monte de história velha, que nem todos acham que é verdade. – ele pareceu estar surtando, voltando-se para Bobby. – Você está vendo algum anjo aqui? – ele perguntou, olhando para Bobby, com os olhos fora da orbita normal. Eu não conseguia entender o motivo dele estar tão nervoso. Mesmo se fosse história velha, como ele mesmo havia acabado de dizer, por que ele se importava tanto?
– Não, nenhum, garoto. – Bobby respondeu, mas eu percebi que era contra sua própria vontade.
– Então, pare com essa história. Estamos aqui para a Andie saber sobre os vampiros originais, não para você dizer um monde de baboseira.
– Tem outra pergunta querida? – Bobby voltou-se para mim, com a voz alma como uma brisa. Seus olhos pareciam me dizer algo, mas eu não consegui ter certeza.
– Não. – respondi secamente, olhando para Dean. – Não tenho mais nenhuma, Bobby. – olhei novamente para o vampiro, sorrindo, mentalmente pedindo desculpa.
– Tem certeza? – ele insistiu.
– Tenho. – me levantei, ficando ao lado de Dean, ainda encarando o vampiro. – Muito obrigada por tudo. Acho melhor irmos. – olhei para Dean, sentindo meu olhar triste sobre ele. Ele apenas pareceu lamentar, mas não disse nada. – Desculpa por qualquer coisa Bobby. Foi um prazer conhecer você. – me virei, com a intenção de ir até a porta, mas a mão de Dean no meu braço me impediu. Olhei para ele, encontrando apenas um olhar culpado em seus olhos. Resolvi também não dizer mais nada, baixando meus olhos, tudo já tinha sido o bastante.
– Desculpa. – Dean sussurrou, se aproximando de mim, com o som de sua voz quase não saindo de seus lábios. O tom triste que saiu fez meu estômago se revirar um pouco, mas eu não voltei a olhá-lo, como eu sabia que ele queria. Eu apenas continuei olhando para meus próprios pés descalços, até que ele voltou a falar. – Não fique triste, minha pequena. Só saiba que tudo o que eu faço tem alguma razão. Não queira saber sobre os anjos, eles não são importantes. São apenas criaturas que trazem morte e dor, acredite em mim. Eles já fizeram o bastante neste mundo. Não queira morrer também.
Olhei agora para seu rosto, incrivelmente próximo do meu, sentindo meus sentimentos mudarem com seu tom de voz. Fixei meus olhos nos verdes de seus olhos, podendo alcançar uma tristeza sólida, me deixando também triste. Assenti suavemente, com um movimento lento, sem tirar meus olhos dos seus, sabendo que tudo o que ele fazia era por alguma razão. Eu não sabia o que ele queria dizer sobre os anjos serem uma coisa ruim, ou tampouco sobre as mortes, mas sentia em meu coração que Dean apenas estava tentando me manter afastada de mais perigo. Dean sempre tinha suas razões, mesmo que não parecesse por vezes certo para mim. Eu queria saber sobre os anjos, uma necessidade estranha de mim me consumida por dentro, mas por hora eu apenas iria fazer o que Dean estava querendo. Não por medo, mas por cansaço de provocar mais um confronto. Principalmente com Dean, que não merecia nada daquilo. Eu também não queria perdê-lo. Na minha vida já havia perdas o suficiente. Era justo deixar Dean ficar.
– Tudo bem, Dean. – resolvi ceder um pouco, logo vendo um sorriso se formar no canto de seus lábios. – Mas só por agora. – seu sorriso paralisou, mas senti seu corpo se acalmar um pouco. – Não quero te afastar também da minha vida.
– Não importa o que aconteça, você nunca vai me afastar da sua vida. – respondeu no mesmo segundo, enquanto as palavras ainda saiam dos meus lábios.
Bobby pigarreou, limpando a garganta, discretamente, como se aquele momento fosse intimo demais para que ele presenciasse, fazendo Dean e eu olharmos para ele no mesmo instante. Sorri apenas, logo tendo um sorriso caloroso no mesmo instante, me fazendo lembrar um pouco de Carlisle, só que em uma versão mais sombria e que certamente, mesmo sem aquele fedor todo, cheirava muito a álcool. Vampiros bebiam? Tai mais uma pergunta, entretanto eu apenas resolvi deixar aquela para outra hora oportuna. Dean voltou seus olhos para mim, sorrindo, logo dizendo com a voz calma e cheia de carinho:
– Vamos?
– Vamos. – confirmei, sorrindo, sentindo o carinho fraternal crescer entre nós. Era até estranho lembrar do que tinha acontecido, pois naquele momento, olhando e sorrindo para Dean, não me parecia tudo ter acontecido com a mesma pessoa. Olhando em seus olhos calorosos, eu não conseguia acreditar que me sentia tão apaixonada por ele em uma hora, já que naquele momento, retribuindo seu sorriso, eu apenas sentia um carinho muito grande por ele. A confusão ameaçou voltar, mas eu apenas resolvi não voltar a pensar naquilo. Era apenas Dean ali, não havia explicações para mudar isso. Se eu me sentia apaixonada, mesmo que eu não acreditasse, deveria sentir aquilo em relação à Dean. Não tinha outra explicação melhor.
Bobby se levantou, andando em minha direção, fazendo aquele cumprimento novamente, curvando-se em minha frente, em sinal de respeito. Desta vez eu apenas sorri, já sentindo algum sentimento amigável em sua relação, deixando aquela má impressão esvanecer completamente. Em seguida, também me curvei sutilmente, sorrindo, olhando de relance para suas pressas, mas elas não voltaram a me afetar tanto.
– Foi um prazer conhecê-la. – ele declarou com a voz calma, colocando seus lábios frios em meu pulso, o deixando suavemente. – Sempre terá um lugar aqui para você. Lembre-se disso quando as coisas apertarem em Forks. – ele disse aquilo como se houvesse duplo sentido, me fazendo estremecer um pouco, mas logo passando, enquanto eu tentava apenas sorrir.
– Eu me lembrarei.
– Ótimo. – Dean também concordou, olhando para Bobby, com um lampejo de tristeza passando-se em seu olhar. Abriu a boca e pareceu procurar as palavras, mas Bobby já parecia ter entendido.
– Não se preocupe. – Bobby logo disse, colocando uma mão no ombro de Dean, o mesmo apenas assentiu, com os olhos um pouco mais calmos. A cumplicidade ali era tocável. – Sempre volte quando puder. E quando precisar, me chame, estarei lá no mesmo segundo. – outra frase que me pareceu ter duplo sentido, mas eu apenas fingi não perceber, passando meus braços envolta do meu corpo, sentindo um tremor percorrer minha espinha.
Dean voltou-se para mim enquanto se despedia silenciosamente do amigo. Bobby picou para Dean, e eu pude perceber de onde Dean havia tirado aquela maneira galanteadora de piscar. Logo saímos do escritório, enquanto Bobby ficou parado na porta, nos vendo partir pelo corredor que Dean parecia conhecer tão bem. Não demorou muito até que o cheiro de Bobby se transformasse em um suave fedor, entretanto já estávamos longe para que isso chegasse a me incomodar de fato. Continuamos seguindo, sempre em silêncio, com Dean nos guiando pela escuridão. Mesmo sem enxergar totalmente, ele parecia conhecer tão bem aquele lugar que me impressionou.
Resolvi não dizer mais nada, apenas parando um pouco de pensar nas coisas, me sentindo um pouco cansada, com os ombros pesados. Realmente tinha sido um dia muito cansativo. Quando eu recebi aquela ligação de Bella, nunca pensei que minha vida fosse mudar tanto. Resolvi não voltar a pensar nisso, já que o fato de Jacob ser meu irmão não me incomodava, mas o fato de Ben não ser meu pai me matava por dentro. Era estranha aquela situação e ao mesmo tempo absurda. Deixei aquela história toda esquecida em algum lugar qualquer dentro de mim, apenas me concentrando nos tons escuros que se passavam diante de meus olhos. Eu não queria voltar a pensar, tampouco pensar nos meus problemas.
Continuamos seguindo durante alguns minutos a mais, ainda silenciosos, até que uma sala iluminada se fixou diante de nós. Sam estava sentado em um sofá, logo percebendo nossa presença, levantando-se imediatamente, com os olhos brevemente se passando em mim e na mão de Dean selada com a minha. Não olhei muito em seus olhos, mas brevemente foi o suficiente para ver seu nariz ainda machucado, um pouco amassado, provavelmente quebrado ou fraturado. Dean também pareceu notar, logo olhando para Sam com a interrogação em sua expressão. Não demorou muito para que ele declarasse a pergunta em voz alta.
– O que raios aconteceu com o seu nariz?
– Eu acabei tentando encontrar a Andie por mim mesmo e quanto fazia isso acabei caindo na escuridão desses corredores. – ele inventou uma desculpa, olhando brevemente para mim, como para se certificar de que eu não o contrariaria. Não disse nada, apenas o olhando. Ele pareceu ficar mais tranqüilo, voltando seus olhos para o irmão. – Não foi nada demais. Logo ele vai estar novo em folha.
– Parece estar quebrado. – Dean observou e eu me controlei muito para não rir. – Deixa eu dar uma olhada. – Dean ameaçou ir até onde Sam estava, mas o mesmo o interrompeu.
– Está tudo bem. – ele percebeu que o irmão ainda tinha duvidas. – Sério Dean. Ele não está quebrado, não se preocupe. – quis acalmar o irmão, afastando-se um pouco, sabendo que se Dean observasse muito, logo descobriria que aquilo havia sido um soco. – Tudo o que eu quero é ir embora. – ele pareceu estar sendo atormentado pelo lugar e eu me perguntei se o vampiro original teria alguma coisa haver sobre isso. Mas logo percebi, com meus sentidos aguçados, que Bobby não era o único vampiro naquele lugar. Como eu não pude perceber aquilo antes? Onde a minha cabeça estava? – Será que a gente poderia ir? – ele perguntou para o irmão, com um olhar interrogativo.
– Já estamos indo Sammy. – Dean concordou com o irmão, fazendo Sam pareceu mais despreocupado. – Vou pegar algumas coisas e já vamos. – Dean me lançou um olhar e logo desapareceu no corredor atrás de nós, deixando Sam e eu completamente sozinhos.
Cruzei meus braços ao redor do corpo, encarando Sam com os olhos raivosos, enquanto minha expressão permanecia fria. Seus olhos desviaram dos meus, com culpa, mas eu continuei o encarando, ainda fazendo os mesmas perguntas de antes. Tudo o que eu queria saber era os motivos, mas eu sabia que ele não iria me responder. Dean havia dito que sempre ficaria ao meu lado, mas eu não o obrigaria a escolher entre mim e o seu irmão. Era injusto com ele. Ele já havia perdido pessoas demais nesta vida e não seria eu a causadora de mais uma perda. Por Dean, apenas por ele eu me calaria.
– Toma e seu. – Sam me entregou o meu celular. – Ele tocou bastante. – ele saiu da sala, saindo por uma porta. Enquanto ele saia eu pude perceber que lá era o lado de fora, onde o sol queimava e os pássaros cantavam.
Me perguntei onde estávamos, olhando para o meu próprio celular, observando que havia treze chamadas perdidas. Suspirei, apertando as teclas para ver de quem eram. Nove eram do meu irmão e três eram... Eram do Edward. Eu fiquei chocada, me perguntando por que ele me ligaria. Desde o dia em que nos despedimos no hospital, ele nunca voltou a me ligar. Nenhuma ligação, nenhuma notícia. Agora, depois de muito tempo, ele estranhamente resolveu me ligar. Meu coração congelou no peito, enquanto eu resolvia retornar as ligações. Disquei seu número, logo escutando o som dos toques. Tocou algumas vezes, meu coração se apertava e eu já não conseguia mais respirar pela expectativa de voltar a escutar o som da sua voz. Chamou, chamou e depois de segundos que se arrastaram caiu na caixa postal. Suspirei aflita, me prometendo que não ligaria outra vez, sentindo meu coração doer no peito. Eu queria pelo menos escutar o som da sua voz... E estava arrasada por isso não ter acontecido. Eu havia criado esperanças demais neste curto tempo; esperanças essas que eu mesma havia demorado muito para conseguir sufocá-las em meu peito.
– Andie, o que foi? – Dean me assuntou, voltando do corredor, parando ao meu lado. – Você está bem? – eu quase ri percebendo que aquela era a segunda vez que Dean me surpreendia daquele jeito. Porém, eu coração estava assustado demais para que eu conseguisse mover qualquer célula do meu corpo. Dean viu alguma coisa que o assustou em meu olhar, o fazendo se aproximar de mim, largando as coisas que ele tinha em sua mão, vindo colocar suas mãos em meu ombro.
– Estou bem. – consigo dizer depois de um tempo, recuperando minha sanidade, olhando para os olhos verdes do caçador, tentando sorrir para arrancar do seu rosto aquela expressão preocupada. As imagens de Edward passam-se em minha mente, enquanto eu fecho os olhos por um segundo, me esforçando muito para conseguir respirar. Abro meus olhos, suspirando e encostando minha cabeça no ombro forte de Dean, desolada. Minha mente se arrastava para trabalhar, mas eu lutava para tentar arrancar aquela pessoa da minha vida e da minha mente. – Edward me ligou... – tentei explicar, percebendo que o corpo de Dean ficou rígido na mesma hora com a notícia. – Por quê? – perguntei a mim mesma, sentindo os braços fortes de Dean passarem ao meu redor em um abraço carinho e reconfortante.
Dean suspirou e fechou os olhos, com seu coração batendo freneticamente no peito quente. Eu lutava para esquecer qualquer coisa, senão estar naquele lugar. Afinal, eu tinha deixado tudo para me recuperar e esquecer. Só que aquela ligação havia me pegado despreparada, eu nunca estaria esperando aquilo. Meu celular vibrou em minha mão, me fazendo olhá-lo. Havia uma nova mensagem de voz e eu apenas coloquei o aparelho no meu ouvido e apertei o botão esperando. Antes que qualquer coisa acontecesse, senti os músculos de Dean protestarem, mas já havia sido tarde demais. Antes que eu pudesse voltar a pensar e jogar o celular longe, a voz invadiu minha mente, me provocando dores inimagináveis. Eu não estava preparada para ela.
“Andie...” – a voz de Edward falhou do outro lado da linha. Fechei os olhos com força e mordi meu lábio inferior com toda minha força, gritando para mim mesma de que eu deveria jogar aquele aparelho longe. Não, não, não. Não agora! Aquilo não podia estar acontecendo. Eu rezava mentalmente para que aquela tortura fosse embora.
“Minha Andie...” – ele disse as palavras pausadamente, como se relutasse ao dizê-las, suspirando no final. Eu pude sentir uma dor em sua voz, me fazendo querer chorar amargamente. Mas, ao invés de mostrar minha dor, eu apenas apertei mais meus olhos e também enrijece o corpo. Naquela hora eu soube que aquele era um pequeno progresso. Seria difícil não ficar tão mexida, mas eu tentaria. Eu não me martirizaria como andava fazendo. Não era justo. Edward havia feito suas escolhas, agora teria que sobreviver com as minhas.
“Você precisa voltar meu amor. Volta pra mim.” – ele voltou a falar suas últimas palavras do outro lado da linha, com a voz suplicante, dolorida, mas alguma coisa dentro de mim apenas sentiu repulsa, se remoendo, como uma dor de estômago e eu não consegui explicar por que daquilo. Era Edward quem falava, o homem que eu tanto amava, mas havia uma mudança em sua voz – uma mudança que parecia insignificante, mas tão perceptível – que me chocava, que me dava medo e muita repulsa. Havia uma frieza em sua voz que me apavorou e tudo o que eu quis foi gritar, me esconder. Alguma coisa dentro de mim – uma coisa fora da razão – que alguma coisa estava muito errada. Difícil explicar, mas eu me sentia atraída e com nojo.
“Por favor, meu amor, volte para mim.” – Eram as palavras certas, mas pareciam tão erradas. Era a voz do amor da minha vida do outro lado da linha, a voz do único anjo que parecia ter o poder de curar minhas feridas, mas algo me deixava apavorada. Eu não conseguia saber se era pelo tom um pouco frio, assustador, mas eu definitivamente estava com medo.
Logo sua voz desapareceu repentinamente e a mensagem gravada havia acabado. Meu coração pareceu dar voltas dentro do peito. Sensação estranha, eu pensei, colocando a mão no peito. Eu me sentia com medo e não conseguia acreditar que eu um dia, sequer imaginaria poder ter medo de Edward. Era apenas Edward, mesmo que sua voz estivesse diferente, um pouco distante, um pouco mais fria do que o habitual – eu tentava me convencer. Não havia nada errado. Edward nunca deixaria de ser Edward. Então, por que você está com medo? Eu me perguntei, sentindo as mãos fortes de Dean envolta do meu quadril. Olhei na direção de seu rosto, encontrando seus olhos fixos em mim. Seus olhos pareciam querer me dizer uma coisa, mas eles apenas continuaram silenciosos, olhando-me com uma dor que eu não consegui entender de início.
– Você quer voltar? – ele perguntou, quando eu decidi não olhá-lo mais, enterrando meu rosto em eu peito, sentindo o seu suave queiro de álcool. – Você quer voltar? – seu peito fez um grunhido estranho enquanto ele falava, com a voz mais abafada do que o normal. – Pelo Edward? – notei que para ele era doloroso falar o nome de Edward, com seu coração habitualmente forte, falhando muitas vezes.
– Não vou voltar Dean. – respondi com uma confiança que nem eu mesma conhecia, voltando a encontrar seus olhos. – E se eu fosse não seria pelo Edward. – ao terminar de dizer, percebi que parecia que minhas palavras tiraram toneladas do seu ombro, mas seus olhos ainda continuaram a procurar com dúvida em mim. Eu me senti mais confiante, como se recebesse ajuda extra.
Edward provavelmente estava em Forks, ao julgar por suas palavras. Ele já deveria saber que eu havia ido embora. Provavelmente deveria ser por isso que ele havia voltado. Para me fazer voltar também. Era por isso que ele havia me ligado, para me fazer mudar de idéia. Com toda certeza que eu ainda tinha, eu sabia que ele havia pensado que eu fui embora por que estava difícil demais sem ele. Ele acha que era tudo para mim. E ele é, eu admito, mas eu não voltaria por ele. Não fazia diferença. Não agora. Ele havia embora, havia me deixado, eu apenas estava tentando seguir em frente. Realmente estava tentando deixar toda aquela droga de impriting para trás. Era difícil, mas eu estava à procura de uma nova vida. Uma vida na qual não existia lugar para Edward Cullen. Não se ele apenas se sentia obrigado a voltar por pena ou por culpa. Isso eu nunca aceitaria. Mesmo se a minha real vontade fosse correr para os seus braços. Eu não faria isso. Desta vez eu seria forte. Eu escolheria outro caminho.
Dean ainda não pareceu estar convencido e eu resolvi usar outros meios para convencê-lo. Aproximei meu corpo mais do seu – se é que poderia ficar ainda mais próximo. Olhei profundamente para seus olhos, deixando meus olhos lhe falar coisas que nem eu mesmo conseguia encontrar as reais palavras. Eu havia feito tudo errado, mas agora eu continuaria me arriscando. Havia procurado em Dean o Edward que eu tanto precisava, sem notar o homem maravilhoso que ele era. Eu poderia ser feliz. Desta vez eu queria tentar. Tentar de verdade, não como Jacob. Com Jacob havia apenas culpa, com Dean esperanças. Dizendo tantas coisas em um olhar hipnotizante, eu aproximei meu rosto do seu belo rosto, colocando minha mão em seu pescoço, sentindo nosso olhar começar queimar. O beijei com todas as minhas forças, mesmo que no fundo que apenas desejasse encontrar outros lábios. O beijo começou suave, sem aquele desejo sobrenatural, mas aos poucos a coisa foi esquentando, me dando mais certeza do que eu realmente queria. Dean me apertou mais contra seus braços, rosando nossos corpos, se entregando também ao nosso beijo, abandonando aquela relutância toda que existia dentro dele.
– Andie... – ele tentou desgrudar nossos lábios, com medo, com dúvidas se era certo me deixar, mesmo que eu amasse outro. Não deixei que ele continuasse, continuando a o beijar, sentindo meu corpo começar a esquentar com uma chama intensa de desejo. – Andie eu não sei se... – continuei impedindo ele de tirar seus lábios quentes dos meus.
– Não diga nada. – eu respondi, tomando cuidado para não o deixar fugir, usando o desejo que eu sabia que ele tinha por mim, colocando meu dedo sobre seus lábios carnudos. – Dean, eu quero você. – declarei, sentindo meu coração doer, mas eu não consegui me decidir o motivo – ou o amor insano por Edward ou pela simples e verdadeira confirmação de que eu o queria.
– Mas você não me a.. – o beijei novamente, não o permitindo terminar. Era errado fazer isso, eu sabia, mas não o deixaria escapar tão facilmente. Se ele realmente me queria, ele não iria me rejeitar daquele jeito, com a desculpa de que eu não o amava. E não rejeitou, assim que eu coloquei minha boca na sua, sua boca começou a me devorar com fome, como se eu fosse à única coisa na terra que ele verdadeiramente desejasse.
Ele passou a mão no contorno do meu corpo, parando na curva do meu quadril, logo descendo até minha bunda, onde ele apertou com vontade. Senti algo queimar ainda mais dentro de mim, meus lábios gemeram suavemente e eu já estava completamente entregue as suas caricias. Arranhei suas costas, desejando que nossas roupas desaparecessem. Passei uma de minhas pernas envolta do seu quadril, o puxando mais para mim, sentindo seu sexo ereto sob a calça rosar minha meu sexo. Eu não sabia de onde vinha, mas logo um desejo selvagem me domou, me fazendo desejá-lo mais do que qualquer coisa no mundo. Eu o queria, com um desejo que chegava a doer. Eu o queria e queria agora.
Algo dentro do meu baixo abdômen vibrou descontroladamente e eu soube que não poderia esperar mais tempo. Era errado querer ele daquele jeito, era errado querer ir para cama com ele, mas já não conseguia mais me importar com nada daquilo. Toda minha vida, tudo pelo que eu acreditava, tudo o que eu amava, naquele momento havia se perdido em qualquer lugar dentro de mim. Não havia mais nada ali. Era apenas eu e ele agora. Eu o queria e também tinha a certeza de que ele também me queria, até mais do que eu poderia chegar a desejá-lo. Seu corpo clamava pelo meu, assim como o meu clamava pelo dele. Não havia culpa e nem medo. Tudo o que eu sabia era que seria dele. Era a única coisa que eu desejava. Naquele momento, ele era a única coisa que eu amava.
Ele passou seus lábios para o meu pescoço, mordiscando e chupando, me fazendo arfar de gemer, fechando os olhos, colocando uma das minhas mãos em seu cabelo macio, delicadamente o puxando ainda mais para mim. Me esfreguei ainda mais em seu corpo, um gemido rouco saio de seus lábios. Sua mão apalpou um dos meus seios e eu entrei em êxtase, morrendo de tanto desejo. Eu já não conseguia pensar em mais nada, no mundo havia apenas nós dois.
Como sempre, eu estava errada. Sam entrou novamente na sala, batendo a porta atrás de si com força. Dean e eu nos separamos como se tivéssemos levado algum tipo de choque. Olhei brevemente para seus olhos verdes e por alguns segundos, vi um outro tipo de verde brilhar ali – um mais claro, mais calmo, sereno e cheio de amor, como esmeralda liquida. O tom dos olhos de Dean geralmente eram mais escuros, como uma esmeralda sólida. Imediatamente me lembrei dos olhos do espelho, reconhecendo-o por um segundo nos olhos de Dean. Entretanto como um borrão, logo os olhos quentes e fortes de Dean voltaram ao normal e eu me perguntei se realmente havia notado aquela breve mudança.
Dean voltou a se aproximar de mim, pegando a minha mão, entrelaçando nossos dedos, enquanto ele encarava com expressão zangada seu irmão. Sam pareceu estar constrangido de ter interrompido, cruzando os braços, sem que seus olhos passassem por mim. Acho que cada vez que ele sai, ele se perguntava se eu havia dito alguma coisa para Dean. Em todo caso, era melhor ele sempre estar na dúvida. Eu não queria arriscar e deixá-lo pensar que eu tornaria as coisas fáceis para ele.
– Desculpa. Ta? – Sam se desculpou, movimentando os braços aflito enquanto falava. – Eu só vim ver por que vocês demoravam tanto. – esclarecer. – Agora eu sei por que. – ele fez uma careta enquanto falava, desviando seus olhos com ironia, fazendo Dean o olhar ainda mais zangado, me deixando rígida ao seu lado. Parecia que eu não era a única que tinha descoberto que Sam tinha algum problema sério comigo. Pena que Dean não podia enxergar o quão longe o irmão tinha chegado por causa disso. Suspirei e resolvi deixar as coisas mais tranqüilas entre os dois.
– Melhor a gente ir indo, meninos. – disse como se o clima não estivesse pesado ao nosso redor, fazendo uma parte de mim se apagar completamente, esquecendo o que Sam havia me feito. Agora, eu apenas queria umas boas horas de sono e não ter nenhum problema para resolver, principalmente ter que agüentar qualquer clima pesado em volta de mim. Já estava sendo difícil demais conviver com o meu coração despedaçado. Já era o suficiente para eu ter que fingir que eu não dava a mínima para a ligação de Edward. Só Deus e eu sabíamos como por dentro eu estava arrasada. E mesmo assim, eu estava ali, tentando deixar as coisas mais tranqüilas, como se nada fizesse acontecido. Coloquei a minha mão livre na cintura, lançando uma piscadela para Dean e me esforçando muito para sorrir, mesmo que friamente, na direção do irmão mais novo. – Melhor vocês relaxarem crianças. – o clima logo foi se suavizando ao som da minha voz, me fazendo gostar ainda mais da brincadeira. Dei um beijo rápido no rosto de Dean, um beijo travesso, arrancando a chave do carro do bolso de trás da sua calça, ainda rindo. Ele não percebeu de início o que eu havia feito, me fazendo sorrir ainda mais. Andei em direção a saída, girando a chaves em meu dedo indicador, olhando sacana para Dean. – E desta vez eu dirijo, meninos. – lancei um beijo no ar provocante para Dean, como se eu estivesse roubando uma coisa muito poderosa e lhe esfregasse na cara. Gargalhei alto ao terminar de sair da sala, tendo uma visão nada agradável de Dean, com o rosto vermelho de raiva, um tanto surpreso, enquanto ele exclamava algum palavrão.