Pesadelo
Pesadelo
Levantei meus olhos e avistei um homem me olhando de longe. O medo me atingiu por completo, minhas pernas estavam dormentes, minha cabeça parecia que iria explodir.Meus pés pareciam que estavam presos, e minha garganta estava seca.Olhei para baixo, mas não pude ver nada, estava escuro demais.
A única coisa que pode ver era a sombra do homem em minha frente, tive certeza que ele não era fruto da minha imaginação, porque ele deu um passo para frente, e se inclinou.
-Está com medo de mim? - perguntou ele, sua voz era rouca e um pouco grave, ele deu mais um passo a frente.
Como se fosse em um passe de mágica, não estava mais no beco, e sim num castelo enorme.Ele parecia ser bem antigo, mas isso não diminuía sua beleza, era decorado com cores bem vivas e vibrantes.Principalmente vermelho e preto, tinha vários quadros na parece, mas aquele castelo estava me dando muito medo.
Escutei gritos, aquela voz me parecia muito familiar, mas não dei muita atenção.Os gritos continuavam, isso estava me incomodando, decidi ir ate lá.
Dei um passo para frente lentamente, tinha uma porta a minha frente, ela era bem grande, e revestida de madeira.
Coloquei minha mão na maçaneta, e a girei.
O quarto era assustador, era ate mas escuro que o beco, tinha uma cama no centro, também tinha uns livros na estante de madeira.
Fui ate lá, peguei um livro e o abri, era uma história de amor, pelo menos era isso que parecia.
A capa era de couro,e estava escrito "As minhas lamentações", quem colocaria um titulo tão deprimente desses?
Certamente, uma pessoa que guardava muita tristeza, mas o que eu tinha com isso?
Por que estava aqui?
Nunca tinha visto um castelo de perto, parecia tão real e intenso.No fundo eu sabia que estava sonhando,tinha tido sonhos assim desde que completei 16 anos.
Recomeçou os gritos, era terrível escutar aquilo, me atingia pessoalmente...
Tive vontade de ir ate lá, mas me contive, nem sabia aonde ficava a porta.
Comecei a andar pelo quarto novamente, talvez eu pudesse ajudar a mulher que gritava de agonia e dor. Encontrei uma outra porta, e esta era de madeira por inteira.
Quanto mais eu me aproximava, o medo ameaçava a voltar. Respirei fundo duas vezes, para me dar mais um pouco de coragem.
Abri a porta, lá tinha uma mulher, ela estava virada de costas para mim.
-Porque está aqui? - perguntou ela, se virando e me fitando.-Você não deveria estar aqui! - ela aumentou a voz.
-Eu....-não consegui mais falar.A mulher se aproximou de mim rapidamente.
-Pode ser perigoso.-sua voz tinha um pouco de ameaça.
Observando aquela mulher, ela parecia com alguma pessoa.Tentei revirar na minha cabeça,mas não encontrava nada.
-Quem é você?-finalmente consegui perguntar.
-Você não sabe?-perguntou ela incrédula.Fiz um sinal com a cabeça,dizendo que não.
-Sua bobinha.-ela se aproximou mas de mim.-Eu sou você.
O choque me bateu por completo, como ela poderia ser eu? Ela era tão linda e elegante, diferente de mim.
-Isso não é possível!-afirmei.
-Está chegando.-Disse ela abrindo um sorriso diabólico.-Está chegando a sua morte.
-Como a minha morte?-choraminguei, fechando os olhos.
-Você terá duas opções!-afirmou ela.
Abri meu olhos, ela não estava mas na minha frente.Movimentei a cabeça de um lado para o outro.Mas ela não estava mais no quarto.
Então ela reapareceu, entrando de novo no quarto, mas agora ela tinha algo nas mãos.
-Primeira opção..-ela fez um sinal com o dedo indicador.-Pode ser eu.
-Você?
-A segunda: a morte.Está nas suas mãos.-então ela se aproximou novamente, e me deu um beijo no rosto.-Mas eu prefiro a primeira.Pense com carinho.
E ela sumiu novamente, me deixando sozinha.
Abri meus olhos, e não tinha castelo nenhum. Eu estava no meu quarto, na minha casa, e com a minha família.
Minha respiração estava muito irregular, e meu coração parecia que sairia pela boca, a qualquer momento.
Me levantei lentamente da cama,a casa estava muito silenciosa e escura.Fui até a janela, para ver se já estava claro.
Puxei a cortina, e ainda estava muito escuro lá fora, suspirei de agonia. Já estava me cansando daquele sonho, todas as noites.Esta noite tinha sido diferente, os outros eu só via o homem no beco, mas nunca tinha sido com a mulher.
Os outros, eu via o homem matá-la lentamente, mas nunca tive coragem de ir ate lá ajudar.
E o castelo? Será que ele existia de verdade? Ou será que era só fruto da minha imaginação?
Por que eu estava tendo estes sonhos? Tinham algum significado?
Certamente não contaria para ninguém, minha mãe já estava pensando que eu havia ficado louca, só não falou em voz alta. Ela tinha medo que eu ficasse igual a vovó .
Nunca pensei que vovó e tia Valentina, eram loucas, pelo contrário elas eram muito sábias.
Mamãe não aceitava que falassem na vovó em casa, se pensamos ou falamos, ficaríamos loucas também, e acabaríamos com ela.
Coitada da minha avó, ela não era louca, só mal compreendida. Minha mãe nunca ligou para sua mãe, e parecia que não era agora que começaria.
Tia Valentina, era a única que ainda visitava a vovó. Eu gostava de ser parecida com a minha avó e minha tia, melhor que ser como a minha irmã mais velha.
Cynthia era muito egoísta, mas era minha irmã. Eu a amava, mesmo sabendo que ela me detestava.
Pelo menos não era eu que teria que me casar com Peter
Graças a Deus, que foi ela, e não eu. Ele era o tipo de homem que só pensa em si próprio, e não liga para os sentimentos de ninguém.
Como se me interessasse essas coisas..Eca.
Fiz um careta de nojo, certamente minha irmã teria que beijá-lo.
-Irmã!-senti uma mãozinha pegando a minha, me virei lentamente, para ver minha irmã mais nova.
Mary estava com seus olhos assustados, sua expressão era de medo.
Me abaixei para poder ver seus lindos olhos pretos, ela estava com seus cabelos bagunçados.
-O que foi, pequena?-perguntei lhe dando um beijo na testa.
-Tive pesadelo!-afirmou ela, com sua voz doce e baixa.
Pelo jeito,eu não era a única a ter sonhos ruins. Peguei sua mão, e a puxei para a cama, me sentando e colocando-a ao meu lado.
-Conte-me sobre o sonho!-falei passando um dedo em sua bochecha rosada, a fazendo rir.
-Sonhei que você tinha ido embora e nunca mais voltaria.-falou ela chorando, e se deitando em meu colo. Odiava ver minha pequena chorar.
-Não chore .Nunca a deixarei.-comecei a fazer carinho em sua cabeça.
-Promete?-perguntou ela, se levantando e sentando ao meu lado novamente.
-Claro ,você sabe que te amo muito.-fiz um sinal com a mão, para lhe mostrar o quanto eu a amava.
-Sei...mas no sonho..você vai..mas não que...-ela falou tão baixinho, que quase não pude ouvi-la.
-Esqueça esse sonho..E venha me abraçar!-agarrei seu pequeno braço, e lhe deu um longo abraço.
Depois de um longo tempo, consegui fazê-la dormir.Ela não quis voltar para o quarto, então coloquei ela ao meu lado da cama.
Me levantei lentamente, e fui ate o banheiro me banhar, esquentei a água e coloquei na banheira.
Enquanto estive na banheira,fiquei pensando no sonho. E parecia que a qualquer momento aquela mulher apareceria.
Aquilo estava indo longe demais, e minha Mary também tinha tido um pesadelo.
E os sonhos se encaixavam, no meu a mulher havia dito que eu iria morrer, e o no da Mary , eu tinha ido embora.
Fechei meus olhos, para poder pensar melhor.E acabei adormecendo na banheira.
Desta vez não tive sonho algum.


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