Capitulo 03: Despedidas.
Tinha adormecido o dia todo – o que geralmente nunca acontecia. A escuridão que estava alojada em meu coração o corrompendo, estava cada vez mais forte.
O dia passou rapidamente – diferente das minhas expectativas.
Aquele sonho me assombrou a tarde inteira.
Tentei pensar em um bom motivo para não ir ao casamento. Minhas tentativas tinham sido em vão, não valeram em nada.
No fundo do meu coração eu ainda tinha esperanças. Esperanças que não adiantariam em nada.
A dor no meu peito ainda estava lá, me assombrando.
Como eu já sabia perfeitamente, a dor seria inevitável!
Arrumei-me lentamente, tentando não desmoronar, ou pelo menos não chorar.
Eu não estava me sentindo muito bem. Minha cabeça parecia que iria explodir a qualquer momento. No fundo eu queria que explodisse, mesmo.
Seria melhor morrer de vez, do que aos poucos!
Alguns minutos eu já estava pronta. Quando dei por mim, já estava no velho carro de minha mãe, indo de encontro à casa de Ângela.
Ângela também não parecia estar com muita animação; Seus lindos olhos castanhos estavam inchados.
Talvez os meus tivessem também, não me incomodei de confirmar.
-Você não esta com uma cara muito boa. -sussurrei com a voz tremula. -Esta acontecendo alguma coisa?
Ângela se virou um pouco no banco do passageiro, para me fitar.
-Estou. -ela abriu um sorriso meigo, me reconfortando. -Bom, não é nada muito importante. -ela abaixou os olhos para as mãos tremulas. -Eu vi algo na floresta.
-Algo?-perguntei entrando de cabeça no assunto.
-Era um lobo enorme. Seus pelos eram pretos como a noite sem estrelas, e seus olhos negros tinha um brilha incomum. -ela suspirou. -Mas não foi isso que me assustou.
-Então o que foi?
-Ele estava atrás de um homem de olhos vermelhos. Lembrei-me dos Cullen, sei que não tem nada haver, mais... -ela começou a chorar desesperadamente.
Parei o carro rapidamente, tentando não bater.
-O que foi?-choraminguei colocando minhas mãos nos ombros de Ângela.
Ela era a minha melhor amiga, eu não queria vê-la chorar, daquele jeito.
Ângela levantou seus olhos cheios de lágrimas e me abraçou fortemente.
-Promete que não vai me deixar?-disse ela em meios aos soluços.
Não consegui entender a pergunta de minha melhor amiga. Mas aquilo não me importava. Eu nunca a deixaria, sempre estaria ao seu lado!
-Nunca vou deixá-la! -sussurrei.
-Obrigada por estar comigo. -ela suspirou. -Tenho medo de ficar sozinha.
-Não precisar ter medo. Estou aqui, sempre estarei.
Pela primeira vez Ângela chorou em meus braços. Não perguntei novamente pelo motivo, afinal, não importava.
Passaram-se minutos, e as lágrimas de Ângela não diminuíam, pelo contrario.
-Diga-me o motivo do medo. -sussurrei acariciando os seus cabelos negros.
-Para falar a verdade, eu sinceramente não sei. O sentimento que senti quando o vi na campina era assustador. Pensei que passaria quando ele se fosse, mas estava enganada.
-Ele te disse algo?-insisti.
-Ele disse que voltaria e me procuraria!- disse ela com a voz modificada pelo desespero.
As palavras dela me feriram profundamente, sem saber ao menos o motivo.
Queria dizer a ela, que era uma promessa que não seria cumprida, mais o sentimento de medo me atingiu antes.
Algo me dizia que o tal homem voltaria, e procuraria por Ângela.
Naquele momento senti raiva, pela primeira vez na vida. Meu corpo começou a tremer ferozmente. Tentei me acalmar, só que eu não estava mais no controle, minha raiva estava.
-O que foi?-perguntou Ângela saindo dos meus braços.
-Não sei. -sussurrei encarando minhas mãos. -Eu sinceramente não sei.
-Calma. -ela sussurrou colocando suas mãos em meus ombros. -Tente se acalmar!
A raiva foi diminuindo aos poucos e com ela a vibração que percorria todo o meu corpo que fazia parecer que minha cabeça iria explodir a qualquer momento.
-Esta melhor?-perguntou Ângela, ainda com suas mãos em meus ombros.
-Sim. – menti. Balancei minha cabeça em afirmação. -Estou calma.
-Que bom... -ela tirou suas mãos dos meus ombros. -Parecia que você ia explodir.
-Também pensei que iria. -sussurrei pensando em como a raiva tinha me tomado rapidamente, sem motivo.
-É melhor irmos!-apontou ela com a cabeça para a noite fora do carro.
-É. - foi tudo que pude dizer, antes de partimos.
Fiquei tentando encontrar forças dentro de mim para poder sair do carro. Ângela continuava me encarando esperando a minha reação.
-Ângela você se importaria de me deixar um pouco sozinha?- perguntei tentando ser o mais gentil possível, tentando esconder o desespero que estava preenchendo todo o seu ser.
Ângela simplesmente sorriu e saiu do carro.
Eu era realmente uma péssima amiga! Ângela era sempre paciente e compreensiva, e eu estava tentando afastá-la de mim.
Tinha que fazer alguma coisa, aquilo tudo só estava me afastando das pessoas que eram realmente importantes para mim. Não deixaria aquela dor me afastar do mundo, me afastar de Ângela. Eu era uma pessoa muito ruim!
“Eu aqui tentando arrumar um jeito de diminuir a minha dor enquanto Ângela estava sofrendo”.
Sai do carro como se fosse um raio, batendo a porta do velho carro de minha mãe com muita força. Havia muitas pessoas na porta da pequena igreja.
Na verdade não parecia ser uma igreja, parecia ser uma capela ou algo do tipo;
Ângela estava parada no primeiro degrau da escada, parecia que estava tentando arrumar coragem para entrar. Olhei ao redor procurando um sinal da presença de Jacob.
O que era típico de noivo, ele não estava lá. Tinhas uns garotos da reserva, mais nem sinal de Jacob – o que não me importava nenhum pouco.
-Oi!- gritou Leah se aproximando de mim, e com ela vinha Sam.
Aproximei-me lentamente, tentando sorrir algumas vezes.
Sam era uma pessoa muito legal, mas confesso que às vezes ele me dava muito medo. Talvez porque ele tinha o tamanho de um urso, talvez até maior.
-Você sumiu!- disse Leah quando finalmente se aproximou de mim.
-Minha agenda estava muito cheia!- menti, fingindo estar descontraia.
-Sei. - Leah balançou a cabeça confirmando, mais seus olhos e sua expressão demonstravam que não tinha acreditado em nem uma só palavra.
Ela me conhecia bem demais para acreditar naquelas simples mentiras, e isso por dois motivos.
Primeiro: Eu sempre fui uma péssima mentirosa.
Segundo: Todos sabiam dos meus sentimentos em relação a Jacob.
Não que eu tinha saído e espalhado pela cidade inteira, mais como todos diziam: eu era fácil de entender.
O único que não me entendia realmente era Jacob.
-Bom, eu vou entrar!- acenei tentando sorrir, mais acho que não fui muito convincente – como sempre.-Tchau!
Leah e Sam acenaram em resposta.
Respirei profundamente tentando arrumar mais um pouco de forças e coragem para entrar na pequena igreja.
Aquele sonho horrível invadiu minha mente me fazendo dar um passo para traz.
A igreja em si era muito pequena e também muito bonita. Parecia àquelas pequenas capelas de filmes antigos que não tinha nem mesmo espaço para a noiva.
Fiquei paralisada quando vi Jacob sentado na primeira fileira de bancos. Ele não parecia estar muito animado ou até mesmo feliz.
A minha vontade era sair correndo e me esconder em qualquer lugar, até que aquilo tudo acabasse.
Mais era tarde demais. Jacob se levantou e começou a caminhar ao meu encontro.
Seus lindos olhos negros estavam tristes e sem vida.
Olhou na roupa que Jacob estava usando. Aquilo me faria rir em outra situação.
Em momento algum pensei que Jacob usaria um terno. Na verdade, não tinha passado pela minha cabeça.
Eu tinha me preocupado tanto em arrumar uma desculpa convincente que tinha me esquecido dos detalhes.
-Você venho!- disse ele quando se aproximou de mim;
Ele parecia estar surpreso, como se estivesse certeza que eu não iria estar aqui.
-Eu não deixaria de ir ao casamento do meu melhor amigo!-falei como se fosse à coisa mais normal do mundo. E até certo ponto era mesmo, se não posse os meus sentimentos.
Jacob sorriu um pouco, parecendo que minha resposta tinha sido convincente.
-Eu tentei falar com você a semana toda!-murmurou ele. -Por onde você andou?
-Andei pelos mesmos lugares de sempre. -respondi sem humor e até com um pouco de raiva.
Ele que estava se casando, ele que estava me deixando, não ao contrario.
Ele estava construindo uma família e não tinha o direito de me querer por perto.
-Podemos conversar lá dentro?- apontou para a pequena sala que servia para se confessar.
Pensei no assunto por alguns instantes.
Seria bom acabar com tudo, de uma vez só.
A única coisa que pude fazer em resposta foi assentir.
A dor me invadiu de imediato, acho que estava começando a me acostumar com ela – se é que era possível.
Quando chegamos à pequena sala Jacob fechou a porta com muita força, fazendo um barulho muito alto.
-Então, sobre o que quer conversar?- dei uma de desentendida.
-Eu queria esclarecer as coisas entre nós. - ele se aproximou de mim. A minha reação automaticamente foi dar um largo passo para traz.
-Não quero que haja nada de errado entre nós. Quero que você entenda tudo, saiba de tudo!
-Eu já entendi tudo, Jake. -respondi.
-Não, você não entendeu!- ele deu mais um passo a minha direção.
Desta vez dei dois passos para traz. Eu não podia mais ter esperanças, não me adiantariam em nada. Só me causaria ainda mais dor.
-Pode falar daí mesmo, Jake?-perguntei encostando as minhas costas na parede.
Eu tinha lutado por ele o máximo que podia.
Tinha lutado por ele a minha vida inteira, já era hora de pensar só um pouquinho em mim.
-Depois do casamento Bella e eu iremos embora!- falou ele depois de alguns minutos.
Eu não esperava outra coisa, afinal, a família de Bella tirando seu pai, moravam em Los Angeles.
-Eu queria me despedir de você, antes. - sussurrou ele.
A voz rouca de Jacob estava mais rouca que o normal, mais ignorei.
-Eu queria que você soubesse que você é a pessoa mais importante neste mundo para mim. Sei que não estou sento muito justo com você, mais, não posso deixar de dizer novamente, que te amo, muito. -começou ele, me ferindo, novamente.
-É você não tem sido muito justo. -sussurrei.
-Você é tudo oque eu preciso neste mundo, você é tudo oque eu quero!
-Para, Jake!- ordenei. A dor naquele momento estava dez mil vezes pior.
Parecia que meus pulmões tinham se fechado, minha cabeça estava girando.
-Não posso ficar ouvindo estas coisas. Sei que você me ama, agora eu sei. Mais entenda não vai adiantar você ficar me falando isso agora, você vai se casar. Você vai embora, você terá uma família. -parei de falar. - Eu estou sendo muito rude com você. Eu estou sendo muito egoísta, mais é só para me proteger. Quando você for embora será muito pior, não quero ter nenhum sentimento bom em relação a você. Nenhum sentimento que eu já não tenha.
-Eu entendo você...
-Eu não quero ter memórias que me machuquem mais. - as lágrimas começar a invadir meus olhos. -Eu não quero ter esperanças, porque sei que não adiantariam em nada.
-Eu não quero mais machucar você!- Jacob se aproximou rapidamente e me abraçou.
-Eu não quero mais vê-la chorar. Ainda mais por mim... -então ele me beijou. Colocando a sua boca na minha.
Todas as minhas células gritavam para que eu correspondesse o beijo de Jacob.
Só que eu não podia, não podia me machucar mais.
Sei que estava sendo muito ruim com o Jacob, mais ele tinha que entender que eu não lutaria, mas por ele.
Eu estava cansada de lutar por algo que estava completamente perdido.
Jacob percebeu que eu não me movia nem um só centímetro, a única coisa que fiz foi chegar os com força. Então ele se afastou de mim, e seus olhos estavam ainda mais tristes, e aquilo também me machucava. Não suportava a idéia de vê-lo sofrer.
-Desculpa. - foi tudo que ele disse antes de partir.
Eu tinha feito tudo que eu não faria em uma ocasião normal, se eu ainda estivesse força.
A culpa me tomou. Eu tinha ferido Jacob, e o pior, era para me proteger. Nunca tinha sido egoísta, mais agora era preciso.
Ele iria embora e me deixaria sozinha com a minha dor, eu precisava fazer algo para diminuí-la. Afinal, quem conviveria com ela seria eu!
Passaram-se minutos e Jacob não voltou.
Escutei uma musica ao fundo e pude perceber que era a musica que tocava quando a noiva entrava.
Abri a porta e descobri que eu tinha razão. O casamento tinha começado.
Andei até o banco mais próximo e observei Bella entrando na igreja.
Ela usava um vestido bem simples. Era brando e longo.
Era evidente a felicidade de Bella. Eu nunca tinha visto ela daquele jeito.
A dor naquele momento estava presente, não era como a dor de antes.
Era uma dor que eu não conseguia descrevê-la.
Tampei minha boca com a mão comprimindo o grito que sairia a qualquer momento.
As lágrimas saiam livremente, sem freio. Eu já não tinha mais forças.
Jacob se virou e me encarou por uns segundo. Seus olhos negros vindo diretamente para mim.
-Desculpe. -sussurrou ele, sem voz.
Bella acompanhou seu olhar e seu largo sorriso se desfez. Era como se ela não quisesse que eu estivesse aqui, parecia que ela pensava que eu faria algo para impedir sua felicidade.
Eu nunca seria capaz de destruir uma família, uma família que ainda seria construída.
Eu não conseguiria viver com a culpa de ter sido a causa da destruição de uma família. Eu nunca tiraria um pai de um pequeno bebê que nem ao menos tinha nascido.
Eu preferia sofrer ao ver um pequeno bebê sofrer!
Bella cochichou algo no ouvido de Jacob, sem tirar seus olhos de mim.
Desviei meus olhos dos olhos de Bella que estavam cheios de raiva e receio.
O padre começou a falar, fazendo Bella e Jacob desviarem seus olhos de mim.
Eu estava me sentindo péssima. Parecia que eu era uma destruidora de lares.
Levantei-me do banco e andei até a pequena saída de igreja. Todos se viraram para me encarar, me fazendo andar ainda mais rápido.
Andei o mais rápido possível pelas pequenas ruas de La Push, sem legar para o velho carro de minha mãe que eu tinha praticamente abandonado.
Eu não queria pensar. Pensar me trazia a realidade, e com a realidade vinha à dor assombrosa.
Talvez eu tivesse andado por horas, não sabia ao certo. Só me dei conta quando eu estava na rua da casa de minha mãe, em Forks.
Tinha um carro prata parado no meio do encostamento. Passei pelo Volvo sem ligar para quem estava dentro.
Subi a estada que levava a pequena entrada da casa branca.
-Finalmente eu te encontrei!-escutei uma voz doce e muito educada. A voz estava muito perto, parecia que estava bem atrás de mim.
Virei-me lentamente e encontrei um par de olhos dourados me fitando.
Não sabia o motivo, mais quando vi aqueles lindos olhos, meu coração parou de doer.
Agora ele estava acelerado como se eu estivesse participado de uma corrida Olímpica. Minhas pernas ficaram moles e por uns minutos esqueci de respirar. Não havia nem vestígio da dor, ela não estava mais comigo.
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
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