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sábado, 14 de julho de 2012

Capítulo Um - Bree Tanner, O príncipe que nunca chegou

Bree Tanner – O príncipe que nunca chegou 

Sinopse:
O sonho de me casar um dia movia minha vida, como uma chama firme e constante. Sonho este que fora sempre uma luz que guiava minha vida, como se fosse o motivo de meu nascimento. Meus sonhos eram baseados no casamento em si, no dia em que eu jurasse meus votos eternos para com meu noivo perante á Deus, este que seria dono de minha vida, do meu destino. Assim fez minha mãe, assim como fez a sua, assim como fez todas as mulheres honradas de nossa família. E assim eu faria um dia.

Eu me casaria em breve, com o solteiro mais bonito, mais rico que Chicago já tivera. Edward Anthony Masen era o homem mais belo que eu já vira em minha curta vida. Seus olhos eram como lagoas profundas de outro mundo, não haveria outro modo de lhes descrever melhor, não haveria nada no mundo que me imprimisse de criar sentimentos amorosos ao seu respeito.  Não eram apenas seus olhos que me fascinavam, que me roubaram o ar durantes muitas noites chuvosas, era o simples fato de existir no mundo uma pessoa tão magnífica como ele.
   
“Ele era o amor da minha vida, mas eu não era o da dele.”


Capítulo UM:
Eu sempre fui uma jovem sonhadora. Daquelas que sonham com um príncipe montado á cavalo branco, com um olhar apaixonado e com a promessa selada de um final feliz para sempre. Com seus olhos cheios de ternura e amor, compartilhando o mistério que só nos dois saberíamos decifrar.

O meu conceito de um final pleno e feliz não era algo de outro mundo, algo que se julgasse impossível. Afinal, todos somos capazes de prever que o tal “feliz para sempre” não passa de um mito, cujo sonhos não passam de coisas tolas. Coisas pelas quais muitos abririam mão de suas vidas, da liberdade, do amor e da paz.

O sonho de me casar um dia movia minha vida, como uma chama firme e constante. Sonho este que fora sempre uma luz que guiava minha vida, como se fosse o motivo de meu nascimento. Meus sonhos eram baseados no casamento em si, no dia em que eu jurasse meus votos eternos perante á Deus, para com meu noivo, este que seria dono de minha vida, do meu destino. Assim fez minha mãe, assim como fez a sua, assim como fez todas as mulheres honradas de nossa família. E assim eu faria um dia.



Este dia não demorou a chegar em minha vida, um dia que nem que se passassem mil anos eu não me esqueceria desta doce lembrança. A lembrança, a memória humana, é uma coisa que eu me amarro desde minha infância. A lembrança é o bem mais incrível que um ser humano poderia ter. Também poderia vim a ser o objeto de sua tortura.

Eu me casaria em breve, com o solteiro mais bonito, mais rico que Chicago já tivera. Edward Anthony Masen era o homem mais belo que eu já vira em minha curta vida. Seus olhos eram como lagoas profundas de outro mundo, não haveria outro modo de lhes descrever melhor, não haveria nada no mundo que me imprimisse de criar sentimentos amorosos ao seu respeito.  Não eram apenas seus olhos que me fascinavam, que me roubaram o ar durantes muitas noites chuvosas, era o simples fato de existir no mundo uma pessoa tão magnífica como ele.

Era completamente inevitável não me apaixonar por Edward Masen. E era insuportável resistir a este sentimento. Não havia forças dentro de mim para fazê-lo.

Quando eu o vi no dia em que ele e seu pai foram perdi-me em compromisso, eu nunca o tinha visto em qualquer outro lugar. Ele não era do tipo que se misturasse á outras pessoas da cidade, não comparecia em festas, nunca andava pelas ruías. Minha mãe me disse que já o tinha visto antes, na igreja. Que sempre se sentava ao fundo, distante de todos, com a cabeça baixa e com o rosto pensativo e triste. Edward não era do tipo conversador, sempre estava a pensar, como se pertencesse a outro mundo, como se tentasse, constantemente, se lembrar de alguma coisa.

O seu jeito me incomodou em alguns passeios, não que não fosse desfrutável sua presença. Sua companhia era a mais doce que eu já tivera, mas sempre existia algo em seu olhar, quando seus pensamentos se perdiam por um caminho perigoso, que não parecia ser bom. Ele sorria, de uma maneira sincera, entretanto, seus olhos me diziam que ele não mentia, mas, ainda sim existia algo.

Ele era educado e sensível.  Nunca tentou tomar mais liberdades comigo do que lhe fora dado. Nunca tentou nada que me ofendesse, era um homem honrado, que nunca faria qualquer coisa para magoar uma dama. Era um homem admirável.

Quando ficávamos sozinhos, em um de nossos encontros já como noivos – o que não acontecia freqüentemente –, Edward sempre estava ali, olhando-me, respondendo-me as perguntas que lhe foram dadas, me fazendo algumas perguntas... e mesmo assim, eu o sentia distante, como se não pudesse estar plenamente presente ali. Sempre pensando em algo. Este algo que me deixava doente por dentro, a perguntar e tentar encontrar um motivo por seu tormento.

Quando ele me dava seu melhor sorriso, o mais autentico, eu sabia que ele estava triste, por um motivo que não entrava em minha cabeça, um motivo que se perdia na lagoa de seus olhos. Sempre que sorria, nunca era um daqueles que alcançavam seus olhos, era apenas um sorriso fraco, com tristeza. Em seguida, vinha a dor em meu peito, algo que me deixava doente apenas por não poder entender. Eu não queria me casar com ele se ele não me quisesse, assim como eu o queria.

Tudo o que ainda me mantinha firme era a esperança de que aquilo um dia fosse passar, a esperança, a chama eterna da esperança de um dia ele poder me amar. Com o tempo, ele poderia me amar verdadeiramente, que chegasse a necessitar de mim assim como eu necessitara dele. Eu realmente rezara por isso.

Já não existia forças dentro de mim para obrigar-me a ficar longe dele. Eu o amava e era egoísta, egoísta á ponto de não pensar em seus sentimentos. Era errado, eu sabia, mas o egoísmo já me transbordava. Ele era como o ar para mim, sem ele eu morreria, sem ele eu não iria mais querer uma vida.
Eu tinha dado-lhe minha vida em suas mãos e não queria que ela estivesse em outro lugar. Só em suas mãos eu queria permanecer, se não, não teria motivos para viver.

Talvez meu amor fosse forte o suficiente para lhe tirar a dor. Talvez esse amor que me enchia por dentro pudesse curar todas as feriadas que existissem nele. Que Deus me permita isso! Céus, como eu queria poder!
Haveria outra em seu coração?

Não havia maneira de poder lutar contra este sentimento, mesmo que meu ser explodisse de ciúmes por dentro. Eu o amava, mais do que amava a mim mesma. Não poderia fazê-lo sofrer, só para ficar comigo. Eu jamais poderia ser o motivo de sua dor. Se ele realmente amava outra, não haveria escolhas para mim. Teria de deixá-lo ir, mesmo que isso me destruísse por dentro.

Se fosse com a promessa que ele fosse ser feliz, eu não mediria esforços para deixá-lo ir. Se ele fosse verdadeiramente feliz, eu não me importaria com o estrago que fosse feito em meu coração. Não se ele me prometesse que seria feliz...

Mas, no fundo, sei bem que sou egoísta. Um egoísmo que corroeu toda bondade, todo sentimento bom, que já esteve em meu coração. O egoísmo era maior do que eu, maior que todos os meus conceitos, maior que qualquer coisa que me fizesse deixá-lo.  Não haveria outro em meu coração, eu tinha plena idéia desta realidade. O amor por outro nunca seria possível.

Eu estava tomada por Edward, tomada por este sentimento sem escrúpulos. Se eu não chegasse a ser sua esposa, nunca teria forças para ver outra ser. Nunca poderia suportar a idéia de ver outra tomar o meu lugar, mesmo que eu estivesse morta.

Não poderia existir outra, isso me parecia errada. Tão errado quanto pecar. Era um pecado, para mim, se ele não me amasse.

– O quê foi, Senhorita Bree? – A voz de Edward rompeu as trevas dos meus pensamentos, trazendo um sentimento que chegou a me humilhar.

Levantei meus olhos, os tirando do pequeno livro de capa dura que tinha em mãos, os levando até o motivo real do meu pensar. Edward estava bem ali, como um Deus em meio às trevas, me fazendo questionar o motivo de poder existir algo tão perfeito assim, que apenas me trazia tormento.

O belo cavalheiro estava a poucos passos diante de mim, sentado em um luxuoso acento de madeira, com as pernas cruzadas e com um livro entre as mãos. Olhou-me com preocupação,  apenas havia preocupação nas lagoas de seus belos olhos. Quando percebeu meu olhar, sorriu, de uma maneira sincera, reconfortante. Sob todos sentimentos bons ali, ainda era possível enxergar a tristeza – uma tristeza que era quase tocável.
Respirei profundamente, soltando o ar pela boca, tentando disfarçar minha dor. Ver a dor em seus olhos me sufocava. De repente, o mundo sob meus pés não existiam mais, o certo e o errado me fitava como um leão faminto.

Minha vontade era desabar naquele momento, implorando por piedade. Era tão errado o que eu estava fazendo com aquela situação, eu tinha plena consciência disso, porém, ainda sim, não conseguia encontrar forças dentro de mim para deixar de fazê-lo. Abri o meu melhor sorriso, Edward pareceu acreditar plenamente nele, entretanto para mim era apenas um sorriso cruel, doloroso – que não parecia ser nada verdadeiro.

– Não há nada de errado, caro Edward.  – minha voz saiu como espinhos, ferindo-me a garganta. Eu quis chorar, mas apenas sorri. Algo começava a preencher minha garganta, o choro estava próximo. Eu não iria me render, não iria desistir dos meus sentimentos.
Edward sorriu, relaxando sua expressão dolorosa. Ele tinha sentimentos por mim, isso era uma coisa clara em seu rosto. Este sentimento era apenas um carinho que não me fazia bem. Ele apenas sentia carinho por mim, não era o amor que eu procurava. Era apenas um sentimento fraternal, que ele nutria por qualquer pessoa que se aproximasse.

Á semanas de nosso casamento, Edward ainda insistia em chamar-me de Senhorita. Era fácil encontrar um significado neste comportamento, e aquilo me machucava, me incomodava. Tudo o que eu queria era poder gritar, implorar que ele parasse. Por que ele me torturava por apenas me chamar.
Ele simplesmente não conseguia me chamar pelo meu nome, como se, para ele, não fosse o certo a se fazer. Eu não passava de uma pessoa comum para ele. Ele não me via como sua noiva, mas sim como qualquer dama que se aproximasse.

Edward simplesmente agia como se não nos conhecêssemos. Como se não fôssemos nos casar em apenas três semanas. Como se eu não fosse nada para ele...
 E acho que eu não era mesmo – afirmei com dureza.  Minha voz mental se tornou amargurada, quase não pude reconhecê-la. Eu vinha descobrindo que o amor era um eficiente instrumento de tortura.

 – Não me chame mais de Senhorita, por favor, Edward. – Eu quis poder implorar, mas minha voz apenas solto-se como um sussurro calmo, impuro de sentimentos.  – Soa estranho meu noivo chamar-me de uma maneira tão formal. Você não precisa, não deveria, manter formalidades comigo. – A cada palavra pronunciada, eu me sentia mais doente. Era como se eu mesma estivesse cravando espinhos em meu coração, doía, e por mais difícil que seja admitir, eu não poderia parar.

Para Edward, minha voz soava suave, calma e serena. Era apenas um desejo de retirar as formalidades, nada mais. Aquilo não me feria, não me incomodava. Eu, apenas, o queria mais intimamente. Como ele estava enganado...

 – Desculpe-me por estar lhe tratando de uma maneira profundamente formal. Não fora a minha intenção para com você, minha doce senhorita. – Suas palavras eram verdadeiras. Ele estava indignado com suas próprias ações, esse sentimento estava legível em seu rosto de anjo.

Suas palavras eram verdadeiramente culpadas, todo seu ser demonstrava o que ele sentia naquele momento. Ele se sentiu culpado por me incomodar de alguma forma – pouco era o que ele realmente sabia.  Se por alguma fatalidade ele chegasse a descobrir o quanto me machucava, ele não poderia nunca me encarar, olhando diretamente para meus olhos. Ele estava sendo simplesmente ele: um homem bom que não poderia suportar ferir uma mulher – de qualquer maneira possível.

O silêncio caiu sobre nós, à pequena sala se tornava cada vez mais apertada para suportar meus sentimentos. Edward parecia ter se perdido novamente, voltado para o mundo onde eu, por noites, quis chegar. Era sempre assim, ele parecia não estar mais aqui. E eu sabia, não era algo que ele realmente pudesse controlar, não era por querer ou por optar, era simplesmente o que era.

Olhei para a sala vazia de sentimentos, sobre meu ombro direito, desviando meus olhos de Edward. Olhá-lo era como um tortura. A estante ricas em livros não passava de algo sem graça, agora. A janela larga de maneira, iluminada por um ambiente natural, não parecia ser nada demais. Os pássaros que cantavam do lado de fora, o belo jardim com rosas de vários tipos, o céu azul sereno, o sol radiante, simplesmente pareciam não ter mais o mesmo significado para mim. O mundo, por fora, era lindo, suave e aconchegante, por dentro, sob as paredes grossas de meu coração, era apenas uma tempestade aterrorizante.

Voltei meus olhos para onde se encontrava Edward, depois que a dor de meu peito começasse a ser esquecida. Seu rosto era sereno, quase indecifrável. Ele olhava para o livro grosso em suas mãos, apertando os olhos com força. Aparentemente, ele estava tentando compreender as palavras escritas. Seus olhos esmeraldas, cheios de preocupação, diziam-me que ele não estava conseguindo completar seu propósito. Era como se lesse algo de outro mundo.

As sobrancelhas grossas banhadas á bronze de Edward se fixaram com força, tornando seu rosto um pouco sombrio. Ele inalou o ar com força, pela boca, necessitado. Seu peito começava a ficar rígido. Suas mãos pareceram-me tremerem, ao ser observadas de longe. Os ombros largos ficaram largados sobre o acento, em um instante. Seu rosto ficou encontrável, em poucos segundo – este que lamentei perder. As mechas finas banhadas a bronze de seus cabelos caiam por todo o lado de seu rosto que fora acessível a mim.
Procurei por seus olhos, não me permitindo pensar em mais nada. Á cada segundo que eu o analisava mais a fundo, meu corpo se enchia de um sentimento assustador. Temi, temi deixar aquele pensamento ecoar por minha mente, entretanto, a preocupação já preencherá meu ser.
Em um instante, tantas coisas ocorreram. Coisas que eu lamentei não poder mudar. A lembrança desses mesmos acontecimentos me perturbariam no futuro, eu soube no exato momento em que um barulho torturante ecoou pela sala.

Em um instante, em um único instante, a imagem á minha frente mudara drasticamente. O que me pareceu antes ser apenas um desligar de pensamentos, agora me parecia ser outra coisa. Esta mesma coisa que eu não me permitir pensar.

Drasticamente, em questão de segundos, Edward levantou sua cabeça, na minha direção. Seus olhos me encaravam de uma maneira que eu nunca poderia ter imaginado. Havia tanta dor naquele olhar. Uma dor que parecia não caber em seu corpo. Uma dor que, eu desejei ser transferida para mim.
O forte cavalheiro que fora Edward um dia, agora já não existia. Seus olhos sensíveis e forte, dando-me segurança, agora não passavam de um olhar torturante, tirando-me o chão. Este Edward a minha frente, era um novo ser, um tão fraco e indefesso como uma criança.

Seu olhar me implorava para que eu seguisse qualquer atitude, mas eu estava tão assustada, com tanto medo. Medo por ele. Medo por perder o único homem que existiu em minha vida.

Um novo som surgiu na sala, um que me fez sentir frio - o doce e aterrorizante da morte. O som era como o arranhar de um gato na janela, impelindo-me. Em seguida, Edward começou a se debater contra o móvel que se colocava. Seu corpo parecia entrar em combustão. Ele caiu do luxuoso acento que estivera. O corpo em combustão se chocou contra o solo de maneira.

Aquilo era o suficiente para mim. Ver seu corpo cair como um boneco no chão – sem vida –, foi o suficiente para me libertar do transe que me atormentara. Me enchi de preocupação – mas não tive tempo suficiente para pensar. Foram apenas segundos passados – segundos que me pareceram ser longos e torturantes anos.
Sempre houve algo de errado com Edward, este mesmo algo que evoluiu assustadoramente nos últimos segundos. No seu interior, havia uma bomba relógio prestes a explodir, eu finalmente pude entender. E os acontecimentos, só me levaram a crer que eu estava presenciando os índices daquilo.

Corri até Edward, deixando o livro que estava em minhas mãos cair no chão. Me abaixei até Edward, colocando meu corpo no solo frio. Seus membros tremiam violentamente. Coloquei minhas pequenas mãos em seus ombros, tentando, em uma atitude inútil, acalmá-lo. Seus olhos estavam vidrados, eles não se focavam em mais nada. Ele não enxergava-me ali. Edward tinha perdido a consciência do mundo.

– Edward? Edward, você está bem? – eu não pensei ao falar. Ao terminar de vociferar, percebi que eu estava sendo idiota.

Era óbvio que Edward não estava bem. Olhando para seus olhos profundamente – já com lágrimas nos olhos –, percebendo que eu o estava perdendo. Ele estava sendo arrancado de mim, de uma maneira que nunca poderia ter sido imaginada. 

Eu não poderia perdê-lo. Perdê-lo seria como perder minha vida. Meus sonhos, todos os meus sentimentos, se resumiam ao homem a minha frente. Não sei como aconteceu, quando aconteceu, eu apenas sabia que ele era a coisa mais importante da minha vida. A coisa mais bela que Deus ousou criar. Céus, eu o amava. Amava com todas as minhas forças.

Este amor não estivera presente no começo, mais á cada dia, á cada segundo ao seu lado, eu descobri o quão importante ele era. Ele era doce, o mais doce entre os homens. O homem que nunca suportara ferir uma mulher. O homem que todos admiravam pela sua bondade. O homem que ajudava os pobres sem pedir nada em troca. E neste momento, este mesmo homem... estava morrendo.

Eu o estava perdendo, antes mesmo de tê-lo. Era tão injusto, tão errado. Tudo o que eu consegui me perguntar, em seguida, era o que eu tinha feito de errado.
Meus pensamentos começavam a ser cordados, como linhas miúdas, quando eu fui me aproximando rapidamente mais de Edward, ficando com o rosto a centímetros do seu. Eu voltei a tocar seu ombro, com cuidado – tomando consciência que já o tivera  tocado. Um choque passou de seu ombro para minha mão. Percebi que ele estava quente, quente de uma maneira preocupante, quente de uma maneira doente.  Balancei seu ombro violentamente, colocando todas minhas forças, quase com raiva, esperando uma resposta de Edward.

Eu precisava apenas de uma resposta. Uma resposta para que meu mundo voltasse. Era apenas uma resposta para me fazer voltar a respirar. Ao surgir este pensamento, foi só então que eu percebi que não estava respirando. Um barulho afiado saia da minha garganta – era o choro tentando sair com violência. Eu me agarrava a Edward, deitada junto ao seu peito. Eu estava sufocada, mas não conseguia encontrar meios de voltar a respirar. Nós se formavam em minha garganta, e eu tive de fechar meus olhos para não deixar um grito escapar. Com todas as minhas forças, eu tentava não gritar.

– Não me deixe... – eu disse sem forças, em um fio de voz, que me pareceu ser apenas um murmúrio. Ele era a minha vida, ele era a minha vida, ele era a minha vida... – Por favor... Não me deixe. Você... você é a minha vida. – disse entre soluços, permitindo ao choro violento se libertar.

Esperei qualquer resposta de Edward. Esta mesma resposta que nunca venho...

Levantei meus olhos depressa. Edward estava inconsciente. Não, não era inconsciente, seus olhos estavam abertos, abertos de uma maneira que me aterrorizou. Seus olhos estavam vários, como se sua alma fosse sugada aos poucos.

Eu parei de respirar, paralisando-me completamente. O tempo foi tragado da Terra, como se nunca tivesse existido. O som do relógio de parede foi ficando distante, minha cabeça não permitia entrar nenhum som. Meus ouvidos estavam confusos, como se estivessem cheios de terra úmida. Tive que me esforçar para não perder os sentidos, tive que dar tudo de mim para não me entregar á escuridão que tomava meu corpo.  O mundo estava confuso, muito confuso. Eu simplesmente não conseguia processar nenhum pensamento coerente.

Algo está errado, algo está muito errado – minha voz mental me dizia, mas eu não pude compreendê-la. Nenhuma palavra parecia fazer qualquer sentido. Nada parecia ter sentido. Tudo o que eu realmente sabia era que eu estava com medo. Um medo que me arrancava tudo, até mesmo a sanidade.

Eu estava o perdendo. Eu o estava vendo partir sem fazer nada...

– Bree, filha! – Alguém pareceu adentrar no recinto onde eu me encontrava. Eu tentei me lembrar, realmente tentei, mas acabei desistindo pelo cansaço.

Minha cabeça estava pesada, como se pesasse toneladas. Eu me senti doente. Doente a ponto de não querer mais viver. Doente a ponto de não me lembrar quem eu era.

Todas minhas forças me deixavam. Eu flutuava. Eu flutuava sobre algo que me recusava  a deixar. Meus ombros foram golpeados, meu corpo pequeno começou a vibrar. O mundo ao redor pareceu tremer. Minha cabeça fora chacoalhada com força, mas eu já não conseguia me encontrar.  Parecia que eu estava em um mar, verdadeiramente entre águas. As águas eram escuras, tão escuras que me impediam de enxergar.

Eu não conseguia me encontrar no meio daquilo tudo. Não havia pensamentos, e ao mesmo tempo, havia milhares deles. Era confuso. Tudo era apenas confusão.

Eu tinha plena consciência de que estava pensando. Entretanto, não conseguia ouvir meus próprios pensamentos.

– Senhor Edward? – a mesma voz de antes perguntou, com pavor. – Oh meus Deus.. – choramingou, antes de haver um reconhecimento da realidade. – Alguém ajude-me! Um médico! Chamem um médico!

Talvez tenha sido a última coisa que meu cérebro pôde captar, ou talvez fosse tudo o que realmente tenha acontecido. A realidade era que eu não sabia. Ou eu pedi o único fio de pensamento que me sobrara ou nunca houve um último pensamento...


Notas da autora:
Espero que tenha gostado. É meio louca a história, sei muito bem. Quando escrevi os capítulos extras de o outro lado, colocando a versão da Bree, achei que fosse o melhor a fazer naquele momento. Agora, vejo que eu deveria ter feito tudo de outro modo. Eu deveria ter feito uma fanfic própria. Bem... Eu demorei, mas estou aqui. Esta é a história da Bree, do Edward e de muitos personagens que ainda estão ocultos.
Esta fanfic é uma fonte de informações e ajudará a você entender a fanfic O Outro Lado.

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